Poemas da Semana
Poemas de Manuel Bandeira, Sebastião Uchoa Leite,
Roberto Piva, Antonio de Campos e Natanael Lima Jr
Nu*
Manuel Bandeira
(1886 – 1968)
Img: Reprodução
Quando estás
vestida,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.
(Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.
Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.
Brilham teus joelhos,
Brilha o teu umbigo,
Brilha toda a tua
Lira abdominal.
Teus exíguos
- Como na rijeza
Do tronco robusto
Dois frutos pequenos -
Brilham.) Ah, teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!
Se nua, teus olhos
Ficam nus também:
Teu olhar, mais longe,
Mais lento, mais líquido.
Então, dentro deles,
Bóio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular.
Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tu'alma
Nua, nua, nua...
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.
(Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.
Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.
Brilham teus joelhos,
Brilha o teu umbigo,
Brilha toda a tua
Lira abdominal.
Teus exíguos
- Como na rijeza
Do tronco robusto
Dois frutos pequenos -
Brilham.) Ah, teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!
Se nua, teus olhos
Ficam nus também:
Teu olhar, mais longe,
Mais lento, mais líquido.
Então, dentro deles,
Bóio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular.
Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tu'alma
Nua, nua, nua...
*In: Estrela da Manhã, 1960.
Metassombro*
Sebastião Uchoa Leite
(1935 – 2003)
Img: Reprodução
eu não sou eu
nem o meu
reflexo
especulo-me na
meia sombra
que é meta de
claridade
distorço de
intermédio
estou fora de
foco
atrás de minha
voz
perdi todo o
discurso
minha língua é
ofídica
minha figura é
a elipse
*In: Antilogia, 1979
Libelo*
Roberto Piva
Foto: Reprodução
Não mais
trarei justificações
Aos olhos do
mundo.
Serei incluído
“Pormenor Esboçado”
Na grande
bruma.
Não serei
batizado,
Não serei
crismado,
Não estarei
doutorado,
Não serei
domesticado
Pelos rebanhos
Da terra.
Morrerei
inocente
Sem nunca ter
Descoberto
O que há de
bem e mal
De falso ou
certo
No que vi.
*In: Antologia dos Novíssimos, 1961.
Pequeno obituário para Norma
Antonio de Campos
Todo mundo foi apaixonado pela Norma Bengell
(Domingos de Oliveira)
Norma Bengell – anos 60
Foto: Reprodução
Norma sem norma
morreu,
foi fazer
nu frontal
no Céu,
onde chegou
despida
como sempre
viveu
outubro 10, 2013
Poema a céu aberto*
Natanael Lima Jr
Foto: Reprodução
As noites
passam ávidas.
Por vezes,
levianas,
desregradas.
Algumas
revelam
sombrias
angústias
algemadas por
paixões dissolventes.
Noutras se
revelam
pálidas,
tímidas.
Por vezes as
desejo
obscenas,
insanas,
dominadoras,
cruéis.
E quando a
noite cessa,
o poema se
revela
a céu aberto.
*In: À espera do último girassol & outros
poemas, 2011.
Poemas da Semana
Reviewed by Natanael Lima Jr
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08:04
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