Especial 100 Vinicius
O Domingo com Poesia celebra os 100 anos de
nascimento do poeta Vinicius de Moraes
Em 19 de outubro de 1913, nascia no Rio de Janeiro o "poeta da
paixão", cuja obra se estenderia da literatura ao teatro, à música e ao
cinema. Cursou a Faculdade de Direito da rua do Catete e a
Universidade de Oxford, onde estudou língua e literatura inglesas. Em 1941
entrou para o Itamaraty, assumindo em 1946 seu primeiro posto diplomático, de
vice-cônsul em Los Angeles. Poeta, cronista e dramaturgo, em 1953 conheceu
Antonio Carlos Jobim e iniciou um apaixonado envolvimento com a música
brasileira, tornando-se um de seus maiores letristas. A lista de seus parceiros
musicais é vasta, incluindo, além de Tom Jobim, Baden Powell, Chico Buarque,
Carlos Lyra, Edu Lobo e Toquinho, entre outros. Morreu em 1980, na banheira de
sua casa, no Rio de Janeiro.
Dono
de uma verve lírica única, Vinicius de Moraes viveu pra dizer que a tristeza
não tem fim, enquanto ao mesmo tempo afirmava que não é possível ser feliz
sozinho. Ave Vinicius!
Dois poemas de Vinicius de Moraes
Soneto do maior amor
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.
Oxford, 1938
Soneto de devoção
Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.
Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.
Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.
Essa mulher é um mundo! — uma cadela
Talvez... — mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.
Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.
Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.
Essa mulher é um mundo! — uma cadela
Talvez... — mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!
Especial 100 Vinicius
Reviewed by Natanael Lima Jr
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08:02
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Vinicius marcou sua época e nos marcou também com suas composições de amor, nos deu alento neste século desesperado.
ResponderExcluirDono de uma verve lírica única, Vinicius viveu pra dizer que a tristeza não tem fim, enquanto ao mesmo tempo afirmava que não é possível ser feliz sozinho.
ResponderExcluirHá pessoas que nascem para brilhar eternamente... pra sempre Vinícius.
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