Arte e Educação
Frederico Spencer*
Recentemente
numa aula em uma turma de pós-graduação em psicopedagogia foi exibido um vídeo.
Este vídeo apresentava, em forma de ilustração, o belíssimo poema “Tecendo a
manhã” de João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, considerado como um dos
maiores poetas da língua portuguesa. O vídeo servia para ilustrar uma aula onde
o tema tratado era a afetividade, tema este defendido a unhas e dentes pelos
maiores estudiosos da área de educação e desenvolvimento humano, tais como,
Jean Piaget, Vigostsky e Henri Wallon, para falar de alguns.
A
turma, composta por professores - não vai aqui nenhuma crítica aos diletos, até
porque somos obrigados a reproduzir em certa medida aquilo que o sistema nos
manda - em sua maioria, não percebeu a mensagem do poema: sua beleza estética
nem a sua riqueza simbólica, tratando a peça como “o vídeo”, pura e
simplesmente. A pergunta é: Como podemos dissociar arte de educação? Que tipo
de educação estamos plantando para o nosso futuro? A educação serve apenas ao
mercado de trabalho, ou à qualificação do ser para postulação de suas
humanidades? Por que os professores não utilizam a poesia como ferramenta
didática?
No
estágio atual de nossa sociedade, caracterizado pelo desenvolvimento
tecnológico, onde a informação é disseminada na velocidade da luz, parece que a
arte caminha a passos de tartaruga, isto é, quando esta arte não atende aos
chamados vorazes do mercado. Aquilo que é produto comercial é velozmente
consumido por tudo e por todos e de repente nos vemos de barriga vazia de novo.
Na fome nos valemos de qualquer coisa, que venha o que a mídia nos diz para
consumir.
O
problema se apresenta quando pessoas qualificadas, formadoras de opinião com a
tarefa de desempenhar o papel de educador, o mais sublime de todos, que é à base do desenvolvimento da
sociedade, não atentam para a importância da arte na educação e para o
desenvolvimento humano, pois não há sociedade sem cultura. O homem que
desconhece sua história, sua cultura, não é capaz de escrever seu futuro.
A
poesia, rompendo a cortina de fumaça da linguagem prosaica, impõe a quem a lê
uma nova visão perante a realidade.
Fugindo da linearidade de um mundo cartesiano, submete o seu leitor a
novos padrões de pensamento, devido ao simbolismo que carrega em seu conteúdo,
remontando desta forma o mundo-objeto. Sendo a linguagem-pensamento, corpo e
mente da realidade, pois sem a mesma, não existiria sociedade nem o mundo
físico, devemos requalificá-la, tornando-a mais rica de símbolos e de sentidos,
multiplicando o homem, desta forma, em suas humanidades, através das
representações que carrega em seu espírito.
*Frederico
Spencer é poeta, sociólogo e psicopedagogo
POEMAS DE NATANAEL LIMA JR,
JUAREIZ CORREYA E ANTONIO DE CAMPOS
Poema a céu
aberto*
Natanael
Lima Jr
As
noites passam ávidas.
Por
vezes,levianas, desregradas.
Algumas
revelam
sombrias
angústiasalgemadas por paixões dissolventes.
Noutras
se revelam
pálidas,
tímidas.
Por
vezes as desejo
obscenas,
insanas, dominadoras, cruéis.
E
quando a noite cessa,
o
poema se revelaa céu aberto.
*do Livro “À espera do último girassol & outros poemas”
Para Solange
Juareiz
Correya
Para Solange Crasto,
mãe de José Terra e João Guarani
mãe de José Terra e João Guarani
Os tempos e distâncias
Os adeuses e esquecimentos
Revezes e alegrias
Dos dias e dos anos
Nem mesmo se está certo
O que Deus escreveu
E te segredou como destino.
Ou as peças sem cabeça
Das montagens absurdas
do Incriado, o Sem Nome.
Só? Longe?
Em festa? Sempre perto?
Não interessa...
Teu nome é mais
Que uma lembrança de mulher
Um sacrifício de mãe
Uma cidade de afetos
Nos corações que te amam.
Teu nome é a tua criação
Como toda mulher de verdade.
E criaste mais
Do que a Natureza criou:
Criaste não só
Duas crianças
Dois meninos
Duas vidas...
Criaste dois homens.
(Olinda, 17/maio/2005)
Flor de luz
Antonio de Campos
Se
acordo a te ver
ao
banho de ouro,cumpro os passos apenas
de ti mais perto estar.
Que
amadureças o íntimo
dos
seres que não indicamamadurar no que devem.
A cada
manhã retornas
com o
fulgurante sal dos espaçose quanto mais te repartes,
mais de volta recebes
louvores por saúde.
Como ao melhor amigo
o vinho melhor se oferta
e junto com ele o peito
que o saúda, te brindo, flor de luz.
Enquanto
sigo-te a rota
entrar
noutra casa sem portas,as da minha fecho
e mais silêncio há em mim
que à noite onde a lua brilha.
Arte e Educação
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
16:08
Rating:
Bom dia, Natanael. Belos poemas. Para a semana inteira. Não conhecia teu blog. Gostei demais. Um abraço no gosto pela poesia e pelo vinho. Brindemos à arte e à vida.
ResponderExcluirOla Grande Natanael estou passando em seu Blog para pegar um pouco do néctar que e nosso alimento. e gostei muito do seu trabalho.
ResponderExcluirFiquei muito feliz por ter participado do Encontro Blogs Literários do Nordeste.
Conte comigo e se puder me convide para os eventos espero que você vá no meu blog.
sidneymramos.blogspot.com