"uma pitada de poesia é suficiente para perfumar um século inteiro" (Saramago)
POEMAS DE NATANAEL LIMA JR, CÍCERO MELO, FREDERICO SPENCER E ANTONINO OLIVEIRA JÚNIOR
Solilóquio*
Natanael Lima Jra praça está vazia...
e talvez o silêncio
descreva o que sinto agorana solidão da madrugada
sem amigo e sem poesia
escuto de minh’alma uma voz silente, fria:
- por que o teu coração amarga descrenças,
tristezas e incertezas?
ah, alma intranquila que és!
à noite segue-se o diae o canto que te sorves agora
transforma, acalma e ilumina
talvez o silêncio da praça
descreva o que sinto agorana solidão da madrugada vazia
novembro/2010
*do livro “À espera do último girassol & outros poemas”
Ponta Verde
Cícero Melo*
Thalassa e mãe, colar de azul e sódio
E cromo das marés em vagas claras.
Diversos sobre os verdes, febre, fólio
E tempo derramado e luz afásica.
Potrancas, nus, de deusas e cavalas;
Declives sublimados, fumo e bócio,Lábios, leitos e lúcias laceradas
Sob a madeira do mar, imposto e ócio.
Isto é do mar que morto é manteúdo
Dos afagos do corpo não crismado,Dos brinquedos do sexo e, sobretudo,
Isto é do mar que rosna – um cão danado,
Inubo, pubo, rubo, ludo, tudoNas vozes de outro mar recuperado.
*Cícero Melo é poeta e edita os blogs:
http://ciceromelo.blogspot.com
http://geracao80.nafoto.net
http://ciceromelo.zip.net
Código de Barras*
Frederico Spencernão é o cinza, só:
- onde andará o azul das manhãs?
Que perdemos
na multidão:
as esquálidas barras do dia me fascinam
com seus códigos me falamdas vitrines:
- penso:
logo existo nos logaritmos
dos códigos de barras:o alimento
da minha alma pura
comprando a nova calça jeans
dos desejos que não
são meusandando pelas ruas
não lembro do amor guardadoque prometi, só
- os esquálidos
códigos de barra
nos atravessame nos esquecemos
nesta multidão:
nessas luzes desta cidade, ocre
pulsamoscom os seus luminosos:
as publicidades
nos falam das pluralidades
que seremos um dia.*do livro inédito “Código de Barras”.
Sofreguidão
Antonino Oliveira Júnior*
sobre o caminhar lento das horas
e o aguardar angustiante
faz-me oscilar constantemente
entre os intermináveis compassos de espera
e os efêmeros momentos do pulsar acelerado.
A cada sensação nova
tua figura surge viva e imponente
até se esvair
no labirinto dos sonhos
e dos desejos arrebatadores.
O abrir a porta
revela a dor da espera vãe o vento frio
deixado por tua ausência
chove meu rosto
e inunda meu coração de tristeza.
*Antonino Oliveira Júnior é poeta e membro da Academia Cabense de Letras
"uma pitada de poesia é suficiente para perfumar um século inteiro" (Saramago)
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