PAULO GONÇALVES
(Santos/SP,
02/04/1897 - Santos/SP, 08/04/1927)
Poeta
e dramaturgo. Exerceu a função de jornalista em diversos periódicos em São
Paulo e Santos. Foi autor de peças teatrais do período simbolista. Sua produção
na dramaturgia inclui as peças em versos: “Núpcias
de D. João Tenório”, “Quando as fogueiras se apagão” e “O Juramento” (1830),
em prosa “As Noivas”, “As mulheres não
querem almas” e “A comédia do coração”. Foi um poeta de rara sensibilidade
cuja obra só não é mais extensa dada sua morte prematura, foi conhecido como o
poeta do coração. Sua única obra poética publicada foi “Yara”, coletânea de poemas editada em 1922.
Encantamento
Mal a aurora tingiu de púrpura o levante,
e afogou em orvalho as flores nos canteiros,
a princesa saiu do seu castelo,
diante da guarda fiel dos seus lanceiros.
.
Eis que suregem, porém, numa curva de estrada,
as bruxas! Infernais, diabólicas, ferozes,
elas, saltarelhando, armavam na cilada
originais metamorfoses.
.
Mas, ao poder do amor se realiza um milagre!
Por uma fada sempre há de ser protegida
a vida que, na terra, em voto, se consagre
inteiramente a uma outra vida.
.
E antes que a exaltação da essência venenosa
a fizesse tombar, inanimada, e fria,
a princesa tomou a forma de uma rosa,
a única flor que não havia.
.
E evitando que as feiticeiras, de surpresa,
a pudessem poluir com hálitos daninhos,
os lanceiros então cercaram-na em defesa
e transformaram-se em espinhos.
PAULO GONÇALVES
Reviewed by Natanael Lima Jr
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10:35
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