ENTREVISTA INÉDITA COM A POETA E ESCRITORA VERNAIDE WANDERLEI
Vernaide Wanderley I Foto: Arquivo do site
O DCP tem a
alegria e a satisfação de trazer para seus inúmeros leitores a entrevista com a
poeta e escritora paraibana Vernaide
Wanderlei, radicada no Recife, concedida ineditamente a nossa colunista, Maria de Lourdes Hortas.
Vernaide
Wanderley
é escritora e poeta, sertaneja da cidade de Patos, PB. Na década de 60 migrou
para o Recife, onde reside até hoje. Exerceu suas atividades profissionais de
pesquisadora social sempre na Fundação Joaquim Nabuco, FUNDAJ, dedicando-se,
nos últimos 10 anos, naquela Instituição, ao estudo geo-sócio-antropológico do
espaço e lugar Sertão, a partir de obras literárias. Participou do grupo de
escritores que reabriu a União Brasileira de Escritores de Pernambuco (1985)
UBE- Recife, PE. Participou do grupo de base do Movimento Pirata (1980-1984). Publicou:
Tatuagem, poesia, 1981; Litorgia, poesia, João Pessoa, 1987; Duas histórias de
guia, (para crianças) Recife, 1992; Rota dos Inocentes, (conto-poema) Recife,
1992; As Raízes que invadiram a Casa (ficção), São Paulo, 2012.
DCP - Vernaide, você lançou recentemente o
livro de poesia GEOMETRIA DAS PEDRAS. Para você, o que significou esse
trabalho?
VW -
O que dizer, quando reunimos poemas inéditos e antigos num só livro? Geometria
das Pedras (Poemas reunidos), é um trabalho da vida inteira, nele estão corpo,
alma, vísceras e sentimentos mesclados de sertão e mar. É minha inserção e
visão de mundo, transfiguradas para falar e me comunicar com o outro!
DCP - Sei que nasceu no sertão e lá passou a
infância. O título Geometria das Pedras tem alguma coisa a ver com a sua
história?
VW -
Tem bastante a ver com meu sertão paraibano, onde nasci e fui criança. Quando
comecei a escrever poemas, não sabia que era tão forte a presença dessa terra
em mim: seu povo, o sol escaldante, suas grandes estiagens e inverno chuvoso
banhando verde nas plantações. Talvez seja esse o destino dos migrantes – moro
no litoral recifense desde a adolescência - a dupla identidade marcada,
encravada em nossa pele inteira!
DCP - Na apresentação do livro em questão,
Maria de Lourdes Hortas aponta o envolvimento de sua poesia com as questões
sociais? Você confirma isso?
VW -
O social, sim! Como fugir disso é algo estranho, nem sei ser possível. Tenho
uma preocupação imensa com todos com os quais convivo e, especialmente, com
aqueles que vivem à margem do minimamente aceitável E isso é gritante em nosso
país, especialmente na região nordestina onde vivemos.
DCP - Que significa para você a palavra?
VW -
A palavra é o instrumento mágico que usamos para nos comunicar. Na poesia, ela
é imprescindível tem sangue nas veias. Lembro agora de um estrangeiro com o
qual conversei e ele falava: Como e por que o Brasil tem tantos significados
para uma mesma palavra? E isso é inquestionável é também alucinante –
especialmente quando a palavra veste a túnica da literatura, seja na prosa seja
na poesia!
DCP - E a poesia como a define?
VW -
Talvez, a resposta já esteja em todo o contexto dessa breve entrevista. Poesia
é a forma “mais rebuscada, terrível e encantadora” que encontramos para nos
fazer ouvir e ser entendido no mundo. Já defini poesia indo aos textos e livros
teóricos sobre Literatura, agora prefiro defini-la da forma mais simples
possível! Assim, a poesia fica mais íntima, uma companheira velha e querida que
me faz respirar, sorrir e/ou chorar!
DCP - Como foi a sua participação na Edições
Pirata?
VW -
Aconteceu da forma mais natural possível. Tive a sorte de trabalhar na Fundação
Joaquim Nabuco, celeiro de grandes poetas que moravam em nossa Recife. A ideia
surgiu dos poetas Alberto da Cunha Melo e Jaci Bezerra – amigos e companheiros
de trabalho e fomos nos agregando e participando efetivamente. Inicialmente,
era fazer o livro e publicar artesanalmente os poetas da cidade! A partir do
primeiro livro, do poeta Arnaldo Tobias (1979), a coisa foi tomando uma
proporção quase incontrolável, transformando-se em Movimento Pirata, um dos
mais sério e atuante de Recife-PE e do país na década de 80 – junto com outros
de igual valor! Evoluiu para Edicões Pirata e o restante da história já está
decantada em verso e prosa e já se vão 40 anos – comemorados na XII Bienal
Internacional do Livro de Pernambuco. Vem mais por aí... aguardem!
DCP - Como vê a relação entre internet e a
literatura?
VW -
Vejo como um veículo através do qual podemos ter a oportunidade de ler
excelentes textos literários, (re)encontramos amigos e fazemos novos parceiros
que escrevem (poesia ou prosa), discutimos literatura, e somos estimulados até
a publicar em livros nossos trabalhos – como aconteceu agora com o Geometria
das Pedras. Mas venho da década de 80 (publiquei o primeiro livro) não tive
coragem de publicar em E-book. Gosto ainda do cheiro do papel! O próximo não
sei como será... (?)
ENTREVISTA INÉDITA COM A POETA E ESCRITORA VERNAIDE WANDERLEI
Reviewed by Natanael Lima Jr
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05:02
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Uma brilhante entrevista em que tudo sabe e cheira a poesia! Vernaide Wanderley, toda ela é poeta (ou poetisa), seja em poema ou em prosa. Desde o primeiro poema que li de Vernaide fiquei seu fã! Venham mais livros! Pode ser em papel ou não... José Bray
ResponderExcluirGratíssima meu amigo Bray! Tomo suas palavras com estímulo a continuar neste oficio de escrever poemas e ficção: é um ato de estar na vida e poder respirar! Beijos
ResponderExcluirJá respondi 2 vezes amigo, não sei se gravou! Esquisito... Beijos
ResponderExcluirVó eu te amo vc arrasa
ResponderExcluirVó eu te amo vc arrasa
ResponderExcluirVernaide, minha prima Verna, como a chamo, é uma das minhas escritoras preferidas, por seu imenso talento e suas raízes permanentes com o povo sertanejo!
ResponderExcluirEntrevistadora e entrevistada - Vernaide Wanderley e Maria de Lourdes Hortas- em perfeita sintonia na entrega da palavra. E o DCP cumprindo a elevada missão de divulgar o melhor de nossa poesia, através desta excelente pauta unindo duas destacadas escritoras da cena literária pernambucana. Parabéns!
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