DEPOIS DE CENSURA DE CRIVELLA, AUTORES E EDITORAS PREPARAM CONTRA-ATAQUE
PUBLISHNEWS, REDAÇÃO,
06/09/2019
Editoras expõem
melhor seus livros de temática LGBT e autor best-seller prepara ação para este
fim de semana
Estande
da Todavia trouxe para a frente os livros de temática LGBT | © Redes sociais da
editora
Na tarde desta sexta-feira (06) fiscais da Secretaria Municipal
de Ordem Pública da cidade do Rio de Janeiro foram à Bienal do Livro Rio em
busca de “livros impróprios”. A medida veio depois que o prefeito Marcelo
Crivella acionou a Justiça pedindo que a Bienal recolhesse a graphic
novel Vingadores – A cruzada das
crianças por conter uma cena de beijo entre dois homens.
Os
fiscais não encontraram nada além de "muitos livros.
Diante
do ato claramente de censura, editores e autores resolveram contra-atacar. Os
estandes de casas como a Todavia e Faro trouxeram para frente os livros de
temática LGBT e teve até quem fizesse promoções, dando descontos nesses
tÃtulos.
Felipe Neto, autor campeão de vendas, ganhador do Prêmio
PublishNews em 2017 e uma das vozes mais crÃticas à onda de conservadorismo que
varre o paÃs, prepara uma ação para esse sábado de Bienal. Ele vai comprar dez
mil livros e embalá-los em sacos pretos e etiquetá-los, conforme sugeriu o
prefeito Crivella, e distribuir entre os frequentadores da festa literária que
acaba neste domingo. No selo, lê-se: "Este livro é impróprio para pessoas
atrasadas, retrógradas e preconceituosas". Felipe Neto agradece a sua luta
pelo amor, a inclusão e a diversidade.
Dentre
as obras que serão distribuÃdas estão tÃtulos como Ninguém nasce herói
(Companhia das Letras), de Eric Novello; Com amor, Simon (IntrÃnseca), de Becky
Albertalli; Arrase! (HarperCollins), de RuPaul e Confissões de um garoto
tÃmido, nerd e (ligeiramente) apaixonado (Arqueiro / Sextante), de Thalita
Rebouças.
Repercussão
Além
da Bienal, que já havia se manifestado contrária à ação do prefeito se
reafirmando como um evento plural e democrático, o Sindicato Nacional dos
Editores (SNEL) também veio a público se manifestar. Em nota disse que “repudia
toda e qualquer forma de censura e restrições à livre manifestação cultural”.
Outra
entidade que se manifestou foi a Liga Brasileira de Editoras (Libre) que
ressaltou que, “embora o prefeito da cidade possa manifestar seu desagrado
diante de determinados conteúdos em suas redes sociais, não lhe é dado o
direito de usar a máquina pública para que a sua opinião seja executada” e
defendeu a diversidade como forma de criação de um pensamento plural.
Editoras
como Companhia das Letras, Record, IntrÃnseca e Planeta também se posicionaram.
Nota do SNEL
O
Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) repudia toda e qualquer forma
de censura e restrições à livre manifestação cultural. Dessa forma recebemos
com indignação a tentativa de restringir a venda de alguns livros e revistas
durante a XIX Bienal Internacional do Livro Rio, evento que é, há 38 anos, uma
das mais importantes manifestações culturais do paÃs, promovendo a leitura,
debate e a construção de uma sociedade justa e democrática. Mas para haver
democracia é imprescindÃvel o diálogo, tolerância e o respeito à produção
intelectual dos editores e autores em nosso paÃs.
Nota da Libre
A
Libre, Liga Brasileira de Editores, entidade que representa 150 associados,
repudia a ação dos Agentes da Secretaria de Ordem Pública da Prefeitura do Rio
que estiveram, hoje, no pavilhão da Bienal do Livro 2019 para realizar
fiscalização, lacrar e esconder do campo de visão do público leitor os livros
que reputam ser - por suas considerações unilaterais - de conteúdo impróprio.
Embora
o Prefeito da cidade possa manifestar seu desagrado diante de determinados
conteúdos em suas redes sociais, não lhe é dado o direito de usar a máquina
pública para que sua opinião seja executada.
A
diversidade de temas é indispensável para a criação de um pensamento plural, e
para a disseminação do prazer de ler dos leitores de todos os gostos e
orientações culturais. Formar leitor é valorizar todo tipo de história, sem que
gostos pessoais sejam sobrepostos ao interesse geral de circulação de ideias,
de contextos e de pluralidade, em um ambiente pacÃfico de confiabilidade e
segurança.
DEPOIS DE CENSURA DE CRIVELLA, AUTORES E EDITORAS PREPARAM CONTRA-ATAQUE
Reviewed by Natanael Lima Jr
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