COLÓQUIO URBANO, SONETO DE CÍCERO MELO
Imag.:divulgação
COLÓQUIO URBANO
Um pombo vem e pousa no concreto
Um pombo vem e pousa no concreto
Cinzento
e imprescutável como a tarde.
Um
pombo pousa ao sol. Em mim, quieto,
Estranho-lhe
a razão de vir pousar.
Apenas
é um pombo que, discreto,
Constrói-se
na paisagem sem alarde.
Alheio
em quefazeres de arquiteto,
Desdenha
meu porquê de divagar.
Vazios
vão e vêm pousar na calma
Das
faces do edifício que, acre e ereto,
Descura
de saber o que me empalma.
Somente
o sol, artista, se translada.
Desenha
um pombo posto no concreto
Que
estando assim jamais me diga nada.
(O Verbo Sitiado, Ed. Bagaço, 1986)
Cícero Melo é poeta
COLÓQUIO URBANO, SONETO DE CÍCERO MELO
Reviewed by Natanael Lima Jr
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