AS CANÇÕES DE NATANAEL LIMA
Publicado em 05/08/2019 por Revista algomais às 16:58
Por Paulo Caldas*
Poesia
trabalhada com afinco, ancorada na rigorosa busca do esmero, é a tônica deste
Ensaio sobre a canção árida (produzido pela Imagética Edições, com diagramação
e capa de Erivaldo Passos e impressão da Luci Artes Gráficas), recente
lançamento do poeta Natanael Lima Júnior.
No
dizer da conceituada Maria de Lourdes Hortas, dona de uma obra poética
admirável, que prefacia estas canções, Natanael está consciente do seu mundo e
do seu tempo, e nos apresenta a exaustiva resistência na certeza de que,
enquanto o amanhã houver, a poesia viverá.
As
virtudes do livro também residem na amplitude dos temas que transitam com
fluidez entre a universalidade e o intimismo. A mesma virtude é sentida nos
aspectos de natureza estética, com a presença de versos livres, vigorosos, tal
no Pós-Modernismo, que permeiam os poemas como “Metáfora abissal”, por exemplo,
temperado com o artifício sonoro e rítmico das proparoxítonas:
“O
poeta é um réptil,
que
rasteja no deserto
àrido
da palavra.
Habita
pântanos,
criptas
e fontes insípidas,
à
cata da metáfora abissal”.
Noutro
momento, o autor exibe sua capacidade de síntese e se aproxima da
aliteração/assonância, quando escreve:
“Nada
me assombra
além
da sombra vadia.
Nada
me deslumbra
além
da penumbra vazia”.
Projetado
sobre um sexteto de canções que evoluem sob “o labor poético de Natanael
kafkiano”, conforme define o professor Neilton Limeira numa das orelhas do
livro, as canções de Natanael devem ser entoadas por tantos e quantos bardos e
leitores cativos da arte do bem escrever.
*Paulo Caldas é escritor
AS CANÇÕES DE NATANAEL LIMA
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