O ÉDIPO E SUAS CORRENTES
Por
Frederico Spencer
Img. Capa: Divulgação
“- Em
não nasci assim, querido. O tempo irá transformá-lo na pessoa que você deve
ser. E, apesar da vontade que tive de desistir, seu pai não permitiu. Ele me
ajudou a “enfrentar” a plateia e a dominar meus medos. – Bambina acariciava os
cabelos ruivos de Benjamim, enquanto o encorajava.”
Édipo Santos
“Em Busca do Circo
das Sombras”, é o título do primeiro livro publicado por Édipo Santos, um
engenheiro mecânico, que nas poucas horas vagas constrói histórias, explorando
o realismo fantástico como ferramenta para dar vasão aos personagens que povoam
sua imaginação desde sua infância na cidade de Custódia, interior de
Pernambuco.
O livro narra a
história de Benjamim, jovem que vive em um circo e que sempre sonhou conhecer a
sua mãe que faleceu logo após seu nascimento. Em sua jornada termina
descobrindo fatos que abalam completamente a vida de todos que trabalham no
circo. Assim surge a saga do “Em Busca do Circo das Sombras”, como afirma o
escritor: “O circo é e sempre será um mundo de fantasias e emoções...onde os
sonhos vão além de qualquer limite”. Vamos conhecer um pouco mais de Édipo
Santos:
DCP
-
Você é engenheiro mecânico, trabalha na indústria e ainda cursa um mestrado na
área de tecnologia da energia, como a literatura entra no teu processo de
produção?
ES
-
Apesar de sempre ter perfil de exatas desde muito cedo, eu sempre fui muito
criativo. Sempre imaginei coisas que as outras pessoas não imaginavam. Até
tentei passar essa criatividade para o papel quando eu era mais novo, porém eu
não saía das páginas iniciais. Foi então que no meio dessa rotina corrida entre
o trabalho e o mestrado que eu decidi ir até o fim, organizando meus
pensamentos criativos em algo mais concreto. Foi assim que consegui escrever o
meu livro.
DCP
-
Quando a literatura começou a fazer parte de sua vida?
ES
-
Quando eu era criança, em torno dos 8 anos de idade, eu lia várias histórias em
quadrinho. Sempre que podia, eu estava lendo alguma história da Turma da Mônica
ou do Pato Donald. Entretanto, quando eu cheguei na adolescência, eu fiquei com
muita preguiça de ler. Eu quase não lia nada nesse período. Era como se as
histórias que chegavam até mim não me dessem vontade de continuar. Mas quando
eu fui ficando mais velho, por volta dos vinte anos, a vontade de ler me
retornou. E foi então que eu percebi que o problema de falta de interesse em
ler era devido aos gêneros literários que eu estava lendo. Não que o problema
fosse o livro em si, mas sim o tipo de livro que eu lia. Depois que eu comecei
a filtrar os gêneros que eu me interesso, passei a escolher mais adequadamente
minhas leituras. Hoje em dia, eu sempre estou lendo algum livro.
DCP
-
Dê sua opinião sobre a importância da literatura hoje!
ES
-
Hoje eu classifico a literatura como uma das artes mais importantes que
existem, pois ela é capaz de nos levar para onde queremos. Desde um
aprofundamento na realidade em que vivemos, até uma fuga dos nossos problemas
cotidianos, onde todos os nossos sonhos são possíveis.
DCP
-
Sendo um menino criado no interior do Pernambuco, qual a importância do circo
em sua vida?
ES
-
Todo mundo que viveu a infância no interior sabe da alegria que o circo traz
quando chega na cidade. É como se os artistas do circo fizessem aquelas coisas
incríveis que a gente via nos filmes ou coisas do gênero. Era como se eles
tivessem superpoderes, e isso me impressionava muito.
DCP
-
Onde está o circo das sombras? A busca ainda persiste até hoje?
ES
-
Apesar de o Circo das Sombras ser algo concreto no livro, ele também representa
metaforicamente nossas buscas por objetivos julgados impossíveis. E mais
metafórica ainda é a jornada em busca dele, pois a evolução pessoal somente é
possível através do caminho que percorremos para alcançar nossos objetivos.
DCP
-
O personagem Arlequim emana variações de cores de acordo com seu estado
emocional, você acha que isto só acontece em literatura ou é uma constante em
nossas vidas?
ES
-
A variação das cores do Arlequim com seu estado emocional pode ser comparada
com a relação entre a nossa energia espiritual e os nossos sentimentos. Acredito
que todas as pessoas emanam energia que atinge os outros ao seu redor, seja ela
positiva ou negativa. A diferença é que às vezes nós conseguimos esconder essa
energia, caso que não acontece com o Arlequim, pois ela se manifesta
externamente.
DCP
-
Seu livro se serve do realismo fantástico para tratar sobre relacionamento
humano, você acha que este é o único caminho?
ES
-
Na verdade existem diversas formas de tratar sobre o relacionamento humano. Eu
apenas escolhi a que mais me atraía, e a que me proporcionava mais prazer em
construir.
DCP
-
O personagem Benjamim dedica grande parte de sua vida em busca da mãe. Segundo
Freud, a relação mãe/filho permeia as nossas vidas, você acredita nesta teoria
ou a desmistifica?
ES
-
Acho que a relação mãe/filho vai além das questões terrenas, pois nós somos um
pedaço que já pertenceu a ela. O que me faz acreditar que é uma das formas mais
fortes de amor.
DCP
-
Por que você acredita no realismo fantástico como meio de expressão literária?
ES
-
Pois é através dela que todos os sonhos podem se tornar realidade. Na
literatura fantástica, você é capaz de criar o universo à sua maneira,
utilizando seu ponto de vista e sua imaginação na construção das coisas. E foi
nessa linha literária que eu pude criar um dos meus universos. Falo “um dos
meus universos” pois o universo do circo é apenas um dos que estão na minha
cabeça. Várias outras fantasias ainda estão aqui dentro, esperando só a hora de
se tornarem realidade no papel.
DCP
-
Quais seus projetos na área de literatura?
ES
-
Atualmente, ainda tentando encontrar tempo entre meu trabalho e meu mestrado,
tenho me dedicado a divulgar meu primeiro livro e, principalmente, a escrever
meu segundo livro, que será uma continuação do primeiro.
O ÉDIPO E SUAS CORRENTES
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
05:01
Rating:

Nenhum comentário