POETA DO DOMINGO
A POESIA (VIVA) DE DÉBORAH BRENNAND*
Déborah
Brennand
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Divulgação
Dois poemas de Deborah Brennand
ANJO DA NOITE
“Dá-me a ilha de Samos como brinde de noivado”
Bengierd
Bengierd
E sendo o ser todo ser
eu, vetusta ou jovem lusa,
dei o meu olhar de claridade
à vastidão única das brumas
e só no coração uma saudade
era de havidos campos,
campos quase não vistos,
ó enamorado de minha formosura.
eu, vetusta ou jovem lusa,
dei o meu olhar de claridade
à vastidão única das brumas
e só no coração uma saudade
era de havidos campos,
campos quase não vistos,
ó enamorado de minha formosura.
Sombria ou ruiva foi a cabeleira
o pouso da coroa em garras.
Abutre no alvor da minha fronte
o pouso da coroa em garras.
Abutre no alvor da minha fronte
cravando unhas de diamantes
assim em disse que as mulheres
não deviam usar trajes escarlates.
Talvez dez dias e oito noites passassem
nas distantes florestas de Lorvão.
assim em disse que as mulheres
não deviam usar trajes escarlates.
Talvez dez dias e oito noites passassem
nas distantes florestas de Lorvão.
E o meu reino era cinzento em culpas,
o meu legado agouro e mal.
Ó enamorado da minha póstuma formosura,
por que de mim tão pouco sabes?
o meu legado agouro e mal.
Ó enamorado da minha póstuma formosura,
por que de mim tão pouco sabes?
NÃO É CRIME
O degredo das flores
da umidade da mata
para uma varanda acesa
em arcos verdes
da umidade da mata
para uma varanda acesa
em arcos verdes
É permitido.
Atar os ramos em sombras?
e desatá-los na colina
ou varrer as cinzas de fogueiras
Na clara tarde de março
e desatá-los na colina
ou varrer as cinzas de fogueiras
Na clara tarde de março
Ainda, ainda
Mas aquele pássaro voltando
querendo entrar na gaiola
já do lado de fora, do lado das rosas
é uma afronta às nuvens e à brisa.
querendo entrar na gaiola
já do lado de fora, do lado das rosas
é uma afronta às nuvens e à brisa.
Assim, matá-lo não é
Crime.
*Deborah
Brennand nasceu em 12 de fevereiro de 1927, no
Engenho Lagoa do Ramo, Nazaré da Mata. Ao completar 80 anos, assumiu uma
cadeira na Academia Pernambucana de Letras. Faleceu aos 88 anos, vÃtima de
falência múltipla de órgãos, mas deixa para seus amigos e admiradores uma
poesia viva e pulsante.
POETA DO DOMINGO
Reviewed by Natanael Lima Jr
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11:13
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