OLEGÁRIO MARIANO – O POETA DA BOA CAUSA
O DCP
celebra nesta edição a trajetória de mais um importante escritor brasileiro:
Olegário Mariano.
Olegário Mariano foi poeta, político
e diplomata.
Foto: reprodução
Olegário
Mariano nasceu em Recife, em 24/03/1889, faleceu na Cidade do Rio de Janeiro em
28/11/1958. Foi poeta, político e diplomata. Membro da Academia Brasileira de
Letras, ocupando a Cadeira nº 21. Filho de José Mariano Carneiro da Cunha e
Olegária da Costa Gama, ambos, heróis pernambucanos da abolição da escravatura
e da implantação da República.
Estreou
na literatura aos 22 anos de idade com o livro “Angelus” em 1911. Sua
poesia falava de neblinas, cismas e de sofrimentos, perfeitamente identificadas
com os preceitos do Simbolismo, já em declínio. Foi conhecido como o “Poeta das
Cigarras”, por causa de um dos seus temas prediletos. Foi Deputado e participou
da Assembleia Constituinte em 1934 que elaborou a Carta Magna. Foi Ministro
plenipotenciário nos Centenários de Portugal em 1940. Foi Embaixador do Brasil
em Portugal. Foi delegado da Academia Brasileira de Letras na Conferência
Interacadêmica de Lisboa para o Acordo Ortográfico de 1945. Após a morte de
Olavo Bilac foi eleito pela crítica como o “Príncipe dos Poetas Brasileiros”.
Sua poesia era lírica com fundo romântico, pertinente à fase do sincretismo
Parnasiano-Simbolista de transição para o Modernismo.
Principais
Obras: Angelus (1911); Sonetos (1912); Evangelho da sombra e do
silêncio (1913); Água corrente (1917); Últimas cigarras (1920); Castelos na
areia (1920); Castelos na areia (1922); Cidade maravilhosa (1923); Bataclan
(1927); Canto da minha terra (1931); Destino (1931); Enamorado da vida (1937);
Poemas de amor e da saudade (1932); Cantigas de encurtar caminhos (1949); Toda
uma vida de poesia (1957).
Os
editores
Dois poemas de Olegário Mariano
Castelos na areia*
— Que iluminura é aquela, fugidia,
Que o poente à beira-mar beija e incendeia?
— É apenas a criação da fantasia: —
São castelos na areia.
— Que iluminura é aquela, fugidia,
Que o poente à beira-mar beija e incendeia?
— É apenas a criação da fantasia: —
São castelos na areia.
Andam, tontas de sol, brincando as
crianças
Como abelhas que voaram da colmeia.
Erguem torreões fictícios de esperanças...
São castelos na areia.
Ao canto de um jardim adormecido:
"Por que não crês no afeto que me enleia?
E as palavras que eu disse ao teu ouvido?"
— São castelos na areia.
E o tempo vai tecendo, da desgraça,
Na roca do destino, a eterna teia.
— "E os beijos que trocamos?" — Tudo passa,
São castelos na areia.
Coração! Por que bates com ansiedade?
Que dor é a grande dor que te golpeia?
Ouve as palavras da Fatalidade:
Ventura, Amor, Sonho, Felicidade,
São castelos na areia.
Como abelhas que voaram da colmeia.
Erguem torreões fictícios de esperanças...
São castelos na areia.
Ao canto de um jardim adormecido:
"Por que não crês no afeto que me enleia?
E as palavras que eu disse ao teu ouvido?"
— São castelos na areia.
E o tempo vai tecendo, da desgraça,
Na roca do destino, a eterna teia.
— "E os beijos que trocamos?" — Tudo passa,
São castelos na areia.
Coração! Por que bates com ansiedade?
Que dor é a grande dor que te golpeia?
Ouve as palavras da Fatalidade:
Ventura, Amor, Sonho, Felicidade,
São castelos na areia.
*Do livro Castelos
na areia (1922)
Paganismo*
Sinto às
vezes horror do modo diferente
Com que
em louca emoção voluptuoso te espio,
Meu suave
amor que tens a figura inocente
De um
lírio muito branco, um lírio muito frio.
Ao meu
olfato chega o perfume doentio
Do teu
corpo mudado em corpo de serpente:
E através
desse aspecto anêmico e sombrio
Meu
desejo passeia alucinadamente.
Fauno, os
olhos boiando em volúpias bizarras,
Quem me
dera que tu viesses, na noite escura,
Minha
fronte adornar de crótons e de parras,
E na
calma do bosque onde o meu sonho medra,
Unisses
para sempre, entre o amor e a loucura,
Os teus
lábios de sangue aos meus lábios de pedra.
*Do livro Angelus (1911)
OLEGÁRIO MARIANO – O POETA DA BOA CAUSA
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
10:17
Rating:

Dez
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