A POESIA REGIONAL DE MAURO MOTA
Mauro Mota era
chamado pelo
sociólogo Gilberto
Freyre de
“poeta poetíssimo”
O Domingo com Poesia faz mais uma
homenagem a um importante poeta pernambucano, desta feita a Mauro Mota. Poeta,
jornalista, professor, contista e memorialista, falecido em 22 de novembro de
1984, aos 73 anos de idade. Membro da Academia Brasileira de Letras e da
Academia Pernambucana de Letras, vencedor de vários prêmios como: Prêmio Olavo
Bilac, da Academia Brasileira de Letras, foi premiado pela Academia
Pernambucana de Letras por suas Elegias
(1952), além dos Prêmios Jabuti e Pen Clube do Brasil (1975) ambos com o livro Itinerário.
Mauro Mota nasceu na cidade de Nazaré
da Mata, em 16 de agosto de 1911. Passou a residir em Recife onde estudou e
formou-se em direito. Como jornalista foi secretário e redator-chefe do Diário
da Manhã. Trabalhou no Diário de Pernambuco, chegando ao cargo de diretor, em
1956. Dedicou-se ao suplemento literário, abrindo caminho para as novas
gerações.
Foi também superintendente do
Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, entre 1956 e 1970. Foi também
diretor do Departamento de Documentação e Cultura da Cidade do Recife e do
Arquivo Público Estadual de Pernambuco, de 1972 a 1984.
Como poeta, destaca-se por suas Elegias, publicadas em 1952. Nessa obra
figura também o "Boletim sentimental
da guerra do Recife", um dos seus poemas mais conhecidos. Sua poesia é
de fundo simbólico, versando sobre temas nordestinos, retratando dramas do
cotidiano em linguagem natural e espontânea.
Os
editores
Três
poemas de Mauro Mota
O Guarda-Chuva
Meses
e meses recolhida e murcha,
sai
de casa, liberta-se da estufa,
a
flor guardada (o guarda-chuva). Agora,
cresce
na mão pluvial, cresce. Na rua,
sustento
o caule de uma grande rosa
negra,
que se abre sobre mim na chuva.
Mudança
Não
ficaram na mudança nem o pé de sabugueiro e o cheiro dos cajás,
os
passos da mãe no corredor, a noite,
o
medo do papa-figo, as sombras na parede.
A
casa inverte a missão domiciliar, sai da rua.
A
casa agora mora no antigo habitante.
A Chuva Cai
Sobre o Recife
A
chuva cai sobre o Recife devagar,
banha
o Recife, apaga a lua, lava a noite, molha o rio,
e
a madrugada neste bar.
A
chuva cai sobre o Recife devagar.
A
chuva cai sobre o telhado das casinhas de subúrbio,
canta
berceuses a doce chuva. É a voz das mães
que
estão no canto de onde a chuva agora veio.
A
chuva cai, desce das torres das igrejas do Recife,
corre
nas ruas, e nestas ruas, ainda há pouco tão vazias,
agora
passam, de capote, transeuntes
do
tempo longe, esses fantasmas de mãos frias.
A POESIA REGIONAL DE MAURO MOTA
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
07:01
Rating:

Reverência a Mauro Mota, poeta de extraordinários recursos de linguagem poética.
ResponderExcluirSalve o poeta e sua arte! 🙌🏻
ResponderExcluirsumemo
ResponderExcluir