Poemas da Semana
Poemas de
Ferreira Gullar, Alberto da Cunha Melo, Antonio de Campos, Miró e Negreiros
Neto
Poema*
Ferreira Gullar
Foto: Reprodução
Se
morro
universo
se apaga como se apagam
as
coisas deste quarto
se apago a
lâmpada:
os sapatos - da - ásia, as camisas
e guerras na cadeira, o paletó -
dos - andes,
bilhões de quatrilhões de seres
e de sóis
morrem comigo.
Ou não:
o sol voltará a marcar
este mesmo ponto do assoalho
onde esteve meu pé;
deste
quarto
ouvirás o barulho dos ônibus na rua;
uma nova cidade
surgirá de dentro desta
como a árvore da árvore.
Só
que ninguém poderá ler no esgarçar destas nuvens
a
mesma história que eu leio, comovido.
*Disponível em: http://www.culturapara.art.br/opoema/ferreiragullar/ferreiragullar.htm
Exercício (1)
Alberto da Cunha Melo
Foto: Reprodução
Quero
o poema
terra-a-terra,
o
poema raso
e
rasteiro,
o
poema-vil,
o
poema-víbora,
o
poema
fácil
e fatal,
louco
e lindo
feito
o bem sobre o mal.
Poema para um filho que se foi
Antonio de Campos
a Pedro-Antonio Guerra Campos, em
memória
Img: Reprodução
Enquanto
recolho a roupa no varal,
vou
chorando e tudo o que o Sol enxugou,
deixa
molhado minhas lágrimas
com
saudades de não mais te ver
Assim
guardo lençóis inteiros,
grandes
lenços brancos
cheios
de sal e dor
Em
casa, ando de cabeça baixa
para
não ver tuas fotos na parede,
com
teus olhos implorando salvação
e
eu impotente
como
um Cristo de sexta-feira
A
carpa vermelha que me pediste de presente,
ainda
é a mesma,
eu
é que sou outro
e
nem em mim estou, de ausente
Que
bala envenenada
acertou-te
a cabeça e meu coração?
janeiro 30, 2014
Calma mente*
Miró
Foto: Reprodução
A
vida passa devagar na praia
Um
roupão vai cobrindo
as
varizes do tempo
Assim
como eu
sem
nenhum tesão de ir pro galo
Nem
vendo graça nenhuma em ficar
subindo
e descendo ladeiras de Olinda.
A
vida passa gostosamente devagar na praia,
assim
como passou aquela senhora
e
eu aqui agora
*Onde está Norma?, 2006
O lavrador de estrelas
Negreiros Neto (Itaquitinga/PE – 2014)
Img: Reprodução
Lavrei,
lavro, lavrarei
Amarrando
com braços fortes
Meu
arado em cavalos alados
Campos
magnéticos cultivarei
Plantio
de estrelas
No
espaço que conquistei
Sirvo-me
como um servo desse plantio
Que
tantas safras imaginei
Em
cromo e terras-raras
Hidrogênio
semeei
Eta
Carinae
Errante
Deusa que criei
Na
magnitude do teu brilho
Me
apaixonei
Teu
curto tempo de vida
Para
entendê-lo apenas te amei
Seguindo
a Via-Láctea
Que
é a rota mais certa
No
expresso da imaginação
Que
passa a noite por minha janela
Poemas da Semana
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
10:57
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Obrigado ao Domingo Com Poesia por semear meus sonhos nos campos da poesia.
ResponderExcluirCaro Negreiros, o nosso ofício é divulgar a poesia e tecer sonhos. Parabéns pelo poema. Um abraço.
ResponderExcluirParabéns pelo prestígio painho,muito orgulhosa.
ResponderExcluirObrigada minha filha a sua moda tb é uma poesia. Agradecemos por divulgar e votar no Site.
ExcluirO domingo torna-se mais poético quando eu leio poesias tão belas e profundas... Obrigada!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirOlá Verluce, agradecemos muito sua visita. O domingo tb é da poesia!
ExcluirObrigada Verluce por seu comentário.
ExcluirObrigada nobre amigo Negreiros por fazer da vida, através da arte, que se torne mais radiante de amor.
ResponderExcluirObrigado, Liliane! Sempre presente nessa minha caminhada.
ExcluirNeto, Itaquitinguense como você, não poderia deixar de parabenizar-lo pelo conjunto da obra um destaque com esse não é para qualquer um, entre tantos ícones da poesia. Parabéns continue você merece. OGE
ResponderExcluirObrigado, Oge! grande parceiro nesta caminhada.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabéns meu amor, que você tenha sucesso nessa nova caminha.
ResponderExcluirSinceros votos da sua esposa e amiga.