Poemas da Semana
Poemas de
Flávia Suassuna, Raimundo de Moraes, Rogério Generoso, Carlos Newton Júnior e
Jade Dantas
De novo*
Flávia Suassuna
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Meu
suspendido desejo
pertence
à seiva da vida.
Sem
ele
nada
sou,
além
de vestÃgio
que
se some,
tangido
pelo vento.
Como
ele, delicado,
funda
o que sou,
costumo
escondê-lo
com
cuidado
entre
palavras.
E
só quem tem
gosto
por elas
pode
conhecer
a
que sabe.
ElegÃaca
Raimundo de Moraes
"A palavra é a minha quarta
dimensão."
(Clarice Lispector)
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Segui
os passos
da
menina de Tchetchelnik.
Dez
luas passaram flechadas por Sagitário
Maçãs
no claro ofertam-se de tanta maturação:
ensanguentadas,
reluzem. Balançam lustres
em
din-dlens de poeira suja.
Aqui
a
Praça Maciel Pinheiro
circunda
o Tempo.
O
casarão 387
é
agora insÃpido e laranja
(mas
vi entre uma e outra janela
a
menina sorrir para mundos distantes).
Longe
as
esquinas de Nápoles Berna Torquay Washington.
(As
esquinas do mundo são iguais
quando
punge à solidão
a
lembrança de tudo que fomos).
Corro
pelos caminhos de mais um solstÃcio
a
cidade ergue-se em dóricas faiscantes
escaravelhos
brotam da terra
e
no rosto eslavo
pupilas
pulsam quasars.
É
por ti:
elevo-me
à tua memória.
Candelabros
iluminando a noite
o
Kaddish arrebanhando os perdidos como nós
-
percorro os caminhos da mulher de Tchetchelnik.
O
olhar oblÃquo.
A
boca rubra.
A
safira no dedo.
A
Estrela de Mil Pontas
rompendo
gargantas. É Palavra.
Aponta
Sagitário mais uma seta em riste.
Agora,
sabeis: no coração selvagemente livre.
Pequeno gozo sem nome ou amor
Rogério Generoso
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Detive
um pouco a alma entre o ar e o nada
consumi
um grão de pavor e silêncio no dejejum.
Amei
as pálpebras da amante
reviradas
quando eu entrava e saÃa
do
abismo de sua minúscula floresta de relva negra.
Assaltei
com mãos ágeis seus peitos simétricos
para
entre os dentes sugar-lhe os bicos
após
festa profana de saliva e sêmen.
E
me dado foi vencer o monte curvo de carne
onde
do cimo vi a flor vermelha entreaberta
vulcão
ativo a esperar-me.
E
tomei impulso pelos pulsos para guardar
minha
memória no púbis daquele amor sem nome.
Pantera
Carlos Newton Júnior
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Jamais
a vi verdadeira
—
o hálito quente e o frio olhar —
para
além das rijas barras
que
mundo nenhum retém:
encontrei-a
nas palavras
precisas,
que são ferro e pedra,
sangue
vivo, força oculta,
veludo
quase matéria.
E
eram tantas as panteras
nas
diversas traduções
do
mesmÃssimo poema.
Em
todas o vulto negro
num
silêncio ditirambo
com
seus coturnos de seda.
Traição
Jade Dantas
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entre
o meu rosto verdadeiro
e
aquele que aparece
o
poema me decifra
traz
à luz meu avesso
revela-me
a mim mesma
traduz
em palavras o que nem sei
cúmplice
da solidão
mostra-me
inteira
o
poema me trai
Poemas da Semana
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
09:00
Rating:

poemas em poesia sublime, ácidas, eróticas. eis as vozes presentes. o encantamento de um domingo com poesia.
ResponderExcluirOlá Neilton, foi realmente uma grande seleção. Agradecemos sua visita.
ExcluirQue bom que gostou, trabalhamos para oferecer o melhor aos nossos leitores. Volte sempre.
ExcluirPoesia que me faz viajar e adentrar por tão ricas paisagens.
ResponderExcluirGrande abraço a todos e todas.
Verônica Aroucha
Obg Veronica por sua visita e comentário. A poesia tem este encanto. Volte sempre.
ExcluirPoesia é alimento para a vida...
ResponderExcluirPor isso ela é meu alimento diário. Obg pela visita e comentário.
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