“A viagem
não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em
memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse: “Não há mais
o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de
outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na
primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol
onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que
mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que
foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso
recomeçar a viagem. Sempre.”(José Saramago – Prêmio Nobel de Literatura)
“Não
entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre
limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais
completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não
entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não
entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um
desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a
inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que
não entendo.”(Clarice
Lispector – Escritora)
Diga ai, Diga lá!
Reviewed by Natanael Lima Jr
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10:24
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