Poesia e Música*
Dono de poemas urgentes, letrista e músico apaixonante. Um guerrilheiro doce e apaixonado chamado Taiguara. Defensor das minorias, romântico inveterado, escrevia os poemas e ao mesmo tempo os musicava. Tudo isso nos anos 60 e 70, o Domingo com Poesia vai encher você de profundidade dialética e te presentear com versos puros e açucarados de um ícone da MPB do período da ditadura militar. Deleite-se dos versos desse ser iluminado: Taiguara.
*Colaboração Ronildo Albertim, 13/11/2011.
Taiguara
(1945 – 1996)
Hoje
(1966)
Hoje, trago em meu corpo as marcas do meu tempo
Meu desespero, a vida num momento,
A fossa, a fome, a flor, o fim do mundo.
Hoje, trago no olhar imagens distorcidas,
Cores, viagens, mãos desconhecidas,
Trazem a lua, a rua, às minhas mãos, mas
Hoje, as minhas mãos enfraquecidas e vazias
Procuram nuas pelas luas, pelas ruas,
Na solidão das noites frias, sem você,
Hoje, homens sem medo aportam no futuro,
Eu tenho medo, acordo e te procuro,
Meu quarto escuro, é inerte como a morte.
Hoje, homens de aço esperam da ciência
Eu desespero e abraço a tua ausência.
Que é o que me resta vivo em minha sorte
Ah, sorte, eu não queria a juventude assim perdida,
Eu não queria andar morrendo pela vida
Eu não queria amar assim, como eu te amei...
Meu desespero, a vida num momento,
A fossa, a fome, a flor, o fim do mundo.
Hoje, trago no olhar imagens distorcidas,
Cores, viagens, mãos desconhecidas,
Trazem a lua, a rua, às minhas mãos, mas
Hoje, as minhas mãos enfraquecidas e vazias
Procuram nuas pelas luas, pelas ruas,
Na solidão das noites frias, sem você,
Hoje, homens sem medo aportam no futuro,
Eu tenho medo, acordo e te procuro,
Meu quarto escuro, é inerte como a morte.
Hoje, homens de aço esperam da ciência
Eu desespero e abraço a tua ausência.
Que é o que me resta vivo em minha sorte
Ah, sorte, eu não queria a juventude assim perdida,
Eu não queria andar morrendo pela vida
Eu não queria amar assim, como eu te amei...
Que as crianças cantem livres
(1972)
O tempo passa e atravessa as avenidas
E o fruto cresce, pesa e enverga o velho pé
E o vento forte quebras as telhas e vidraças
E o livro sábio deixa em branco o que não é
Pode não ser essa mulher o que te falta
Pode não ser esse calor o que faz mal
Pode não ser essa gravata o que sufoca
Ou essa falta de dinheiro que é fatal
Vê como um fogo brando funde um ferro duro
Vê como o asfalto é teu jardim se você crê
Que há sol nascente avermelhando o céu escuro
Chamando os homens pro seu tempo de viver
E que as crianças cantem livres sobre os muros
E ensinem sonho ao que não pode amar sem dor
E que o passado abra os presentes pro futuro
Que não dormiu e preparou o amanhecer...
O tempo passa e atravessa as avenidas
E o fruto cresce, pesa e enverga o velho pé
E o vento forte quebras as telhas e vidraças
E o livro sábio deixa em branco o que não é
Pode não ser essa mulher o que te falta
Pode não ser esse calor o que faz mal
Pode não ser essa gravata o que sufoca
Ou essa falta de dinheiro que é fatal
Vê como um fogo brando funde um ferro duro
Vê como o asfalto é teu jardim se você crê
Que há sol nascente avermelhando o céu escuro
Chamando os homens pro seu tempo de viver
E que as crianças cantem livres sobre os muros
E ensinem sonho ao que não pode amar sem dor
E que o passado abra os presentes pro futuro
Que não dormiu e preparou o amanhecer...
Terra das Palmeiras*
(1974)
Sonhada terra das palmeiras
Onde andará teu sabiá?
Terá ferida alguma asa?
Terá parado de cantar?
Sonhada terra das palmeiras
Como me dói meu coração
Como me mata o teu silêncio
Como estás só na escuridão
Ah! Minha amada amordaçada
De amor forçado a se calar
Meu peito guarda o sangue em pranto
Que ainda por ti, vou derramar
Ah! Minha amada amordaçada
Das mãos do mal vou te tirar
P'ra dançar danças de outras terras
E em outras línguas te acordar...
Sonhada terra das palmeiras
Onde andará teu sabiá?
Terá ferida alguma asa?
Terá parado de cantar?
Sonhada terra das palmeiras
Como me dói meu coração
Como me mata o teu silêncio
Como estás só na escuridão
Ah! Minha amada amordaçada
De amor forçado a se calar
Meu peito guarda o sangue em pranto
Que ainda por ti, vou derramar
Ah! Minha amada amordaçada
Das mãos do mal vou te tirar
P'ra dançar danças de outras terras
E em outras línguas te acordar...
*Inspirado no poema do poeta francês, Paul Éluard " Terras das Palmeiras"
Poesia e Música*
Reviewed by Natanael Lima Jr
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