JUVENAL GALENO
(Fortaleza/CE,
27/09/1836 – Fortaleza/CE, 07/03/1931)
Poeta,
teatrólogo e juiz de direito. Fundou os jornais: O Sempre Viva, primeiro jornal
literário do Ceará, destinado ao sexo feminino e o Mocidade Cearense, jornal
estudantil. Seu livro de estreia “Prelúdios
poéticos”, editado em 1856, foi o primeiro livro de literatura cearense,
tornando-se o marco inicial do Romantismo no Ceará. Manteve relações de amizade
com Machado de Assis, Saldanha Marinho, Joaquim Manoel de Macêdo, Gonçalves
Dias e Quintino Bocaiuva. Faleceu aos 95 anos deixando para o Ceará uma
volumosa e rica produção literária - a riqueza de sua biblioteca e a casa onde
residem a memória e a tradição da cultura cearense. Sua poesia reflete a
psicologia da alma da gente humilde do nordeste: seus sentimentos, os anseios,
suas serras, as praias e os sertões ficaram gravados indelevelmente em seus
versos.
Principais
Obras: Prelúdios poéticos (1856); A
machadada; Quem com ferro fere, com ferro será ferido (1861 – Teatro); Lendas e
Canções populares (1865).
A Jangada
Minha
jangada de vela,
Que
vento queres levar?
Tu
queres vento de terra,
Ou
queres vento do mar?
Minha
jangada de vela,
Que
vento queres levar?
Aqui
no meio das ondas,
Das
verdes ondas do mar,
És
como que pensativa,
Duvidosa
a bordejar!
Minha
jangada de vela,
Que
vento queres levar?
Saudades
tens lá das praias,
Queres
n’areia encalhar?
Ou
no meio do oceano
Apraz-te
as ondas sulcar?
Minha
jangada de vela,
Que
vento queres levar?
Sobre
as vagas, como a garça,
Gosto
de ver-te adejar,
Ou
qual donzela no prado
Resvalando
a meditar:
Minha
jangada de vela,
Que
vento queres levar?
Se
a fresca brisa da tarde
A
vela vem te oscular,
Estremeces
como a noiva
Se
vem-lhe o noivo beijar:
Minha
jangada de vela,
Que
vento queres levar?
Quer
sossegada na praia,
Quer
nos abismos do mar,
Tu
és, ó minha jangada,
A
virgem do meu sonhar:
Minha
jangada de vela,
Que
vento queres levar?
Sé
à liberdade suspiro,
Vens
liberdade me dar;
Se
fome tenho - ligeira
Me
trazes para pescar!
Minha
jangada de vela,
Que
vento queres levar?
A
tua vela branquinha
Acabo
de borrifar;
Já
peixe tenho de sobra,
Vamos
à terra aproar:
Minha
jangada de vela,
Que
vento queres levar?
Ai,
vamos, que as verdes ondas,
Fagueiras
a te embalar,
São
falsas nestas alturas
Quais
lá na beira do mar:
Minha
jangada de vela,
Que
vento queres levar?
JUVENAL GALENO
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
20:41
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