LÚCIO CARDOSO
(Curvelo/MG,
14/08/1912 - Rio de Janeiro/RJ, 28/09/1968)
Poeta,
jornalista, dramaturgo e escritor. Junto com seus amigos, os romancistas Otávio de Faria e Cornélio Pena, e o poeta Vinicius de Moraes, foi um dos expoentes
da literatura brasileira na década de 30.
Integrou-se à
literatura psicológica, embora tenha começado sua carreira literária com dois
romances de cunho sociológico e realista: “Maleita” (1934) e “Salgueiro” (1935). Sua literatura, a partir da
década de 40, coloca em questão valores fundamentais como o bem e o mal e deus
e o diabo, como se pode ver nos romances “Mãos
Vazias” e “Inácio” e
nas novelas “O Enfeitiçado” e “Baltazar”,
dentre outras do período. Sua obra inaugura na literatura brasileira um
mergulho no cerne do indivíduo moderno, tornando-a por vezes psicológica e
subjetiva, onde os dramas, as dúvidas e os questionamentos pessoais sobrepujam
a realidade. Morreu aos 56 anos. Foi reconhecido postumamente pela Academia
Mineira de Letras, que lhe conferiu, em 1966, o Prêmio Machado de
Assis pelo conjunto de sua obra.
Principais Obras: Maleita (1934); Salgueiro (1935); A luz no
subsolo (1936); Mãos vazias (1938); Poesias (1941); Inácio (1944); Novas poesias
(1944).
A uma estrela*
Meu domínio é o do sonho,
minha alegria é a do céu que a tormenta obscurece,
meu futuro é aquele que amanhece à luz do desespero.
Só tu saberás o segredo da minha predestinação.
Só tu saberás a extensão de tantas caminhadas,
só tu conhecerás a casa humilde em que morei.
Quem saberia romper o sortilégio que me cerca,
ó sol vermelho, aurora dos agonizantes.
minha alegria é a do céu que a tormenta obscurece,
meu futuro é aquele que amanhece à luz do desespero.
Só tu saberás o segredo da minha predestinação.
Só tu saberás a extensão de tantas caminhadas,
só tu conhecerás a casa humilde em que morei.
Quem saberia romper o sortilégio que me cerca,
ó sol vermelho, aurora dos agonizantes.
Mas não reflitas nunca o gesto que
condena.
Ai, este país é o da eterna aridez!
Se da altura a estrela não baixar o olhar ao pântano,
maior será a sua impiedade que o seu esplendor.
Ai, este país é o da eterna aridez!
Se da altura a estrela não baixar o olhar ao pântano,
maior será a sua impiedade que o seu esplendor.
E só tu Vésper, só tu aplacarás o meu
desejo,
só tu poderás depositar, nesta carne crispada,
o beijo que nas trevas dá ao sono a serenidade do repouso.
*Novas Poesias, 1944
só tu poderás depositar, nesta carne crispada,
o beijo que nas trevas dá ao sono a serenidade do repouso.
*Novas Poesias, 1944
LÚCIO CARDOSO
Reviewed by Natanael Lima Jr
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