NESTOR VÍTOR
(Paranaguá/PR,
12/04/1868 - Rio de Janeiro/RJ, 13/10/1932)
Poeta,
contista, ensaísta, romancista, crítico e conferencista. Amigo e estudioso da
obra de Cruz e Souza. Autor de uma vasta obra e divulgador da literatura
francesa. É um dos principais poetas da escola literária simbolista. Fez parte
do grupo simbolista carioca. Foi correspondente dos jornais O País e do Correio
Paulistano. Escreveu poesia, ficção e literatura de viagem, mas foi na crítica
literária que se notabilizou.
Principais
Obras: Transfigurações (1902); Signos
(1897); Cruz e Souza (1899 – Organizador das obras completas); A terra do
futuro (1913); Três romancistas do norte (1915); Cartas à gente nova (1924);
Folhas que ficam (1920); Parasita (1928 – Novela).
Os versos*
Versos ... são candelabros
que se tocam
Tirando estrelas do
cristal ferido ...
Óleo de que perfumes se
deslocam.
Estranhos, num vapor vago
e fluido...
Bergantins marchetados de
ouro e prata
A balouçar num mar sonoro
e ardente,
Que todo em nenúfares se
desata
E em ilhas verdes,
infinitamente ...
Versos ... largas cadeias
de diamante,
Lançadas de um extremo a
outro da Terra
Para pô-la risonha e
soluçante,
— Áureas grilhetas de
amorosa guerra ...
Flores do Desespero,
doloridas,
Lírios feitos de sangue,
transmudados,
Sob o ardor das insônias
homicidas
Qual um punch a luz verde germinados ...
Versos! que alma sonora e
tumultuosa
— Céu em que os astros
chocam-se cantando —
Que alma grande, alma
nobre, alma ansiosa
Não vos anda risonha
procurando.
Dos Eleitos vós sois os
mensageiros!
Canta, por eles, florescente
rima,
Por eles mergulhais,
filtros traiçoeiros,
As almas numa embriaguez
opima.
Adernando-vos leves e
graciosos
É que o Poeta arrebata e
nos transporta
Para aqueles países
fabulosos
Do Sonho, abrindo ao
Infinito a porta.
Não pode alguém se libertar
dos laços
Sob os quais o tenhais
escravizado
Enquanto lhe ritmar,
sonora, os passos
A grilheta de um verso
terso e ousado.
Ah! toda esta ânsia que
nos arde ao seio,
Todo este fogo que nos
queima a boca,
Se revela das formas neste
anseio,
Nesta sofreguidão absurda
e louca.
Porém, se nós pudéssemos
apenas
Abrir os olhos, dominar o
Mundo,
E em atitudes nobres e
serenas
Mostrar-lhe todo o nosso
estranho fundo ...
Se em palavras se dissesse
tudo,
Num ardor, num cantar vivo
e direto,
Fora melhor que se ficasse
mundo:
Era mais simples e era
mais completo ... _
*Transfigurações (1902)
NESTOR VÍTOR
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
10:11
Rating:

Nenhum comentário