O HOMEM, SEU TEMPO E SUA LIRA
por
Frederico Spencer*
Gilvan
Lemos (1928 – 2015)
Foto:
Divulgação
Gilvan de Souza Lemos nasceu em São Bento do Una em 1
de Julho de 1928, mudou-se para o Recife em 1949 onde viveu até seu falecimento
ocorrido no primeiro dia deste mês. Começou sua vida literária em 1956 quando
lançou o romance Noturno sem música, pela
Nordeste Editora que terminou vencendo um concurso conjuntamente com Osman
Lins, em São Paulo.
Foi detentor de vários prêmios como:
Prêmio Orlando Dantas e Olívio Montenegro este pela (UBE-PE) com o livro Jutaí Menino (1962); o Prêmio Othon
Bezerra de Melo da Academia Pernambucana de Letras em 1968 com o livro Emissários do Diabo e ainda obteve
Menção Honrosa no Prêmio José Lins do Rego com o livro de contos O Defunto Aventureiro em 1975. É também
membro efetivo da Academia Pernambucana de Letras, um título que recebeu como
forma de homenagear os moradores de São Bento do Una. “Queria deixar o povo
feliz de ter um representante na academia”.
Gilvan Lemos é dono de uma linguagem
forte e expressiva, representativa de uma vida marcada pela desigualdade e
dureza da área rural - seu regionalismo, para alguns críticos, é influenciada
pela geração de 30, representada por escritores como Graciliano Ramos, José
Lins do Rego, Érico Veríssimo, Jorge Amado entre outros. Esta aspereza,
refletida por toda sua vida através de um comportamento recluso, de poucas
aparições em público, restritas conversas e muitas letras, marcaram sua vida em
sociedade.
Em matéria publicada pelo Diario de
Pernambuco, o autor confessa: “A timidez, era menor somente do que a teimosia”.
Em depoimento publicado em seu site, relatou: “Comecei a escrever de teimoso
que era. Em minha cidade – São Bento do Una, agreste meridional de Pernambuco –
não havia a menor possibilidade de prosseguir. Cidade atrasada, sem colégios,
sem biblioteca, sem pessoas ligadas à literatura. Contava apenas com minha irmã
mais velha.”
Assim era Gilvan Lemos árido e
resplandecente em suas criações, qual as paisagens que cercaram sua vida de
menino, onde a teimosia de viver recalca as adversidades, sobrepujando a beleza
estética de um olhar que não se perdeu na poeira das estradas de seu tempo.
*Frederico
Spencer é
poeta, contista, produtor cultural e membro da Academia de Letras do Jaboatão
dos Guararapes
O HOMEM, SEU TEMPO E SUA LIRA
Reviewed by Natanael Lima Jr
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07:02
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