POEMAS DA SEMANA
Poemas de Sophia de
Mello Breyner Andresen,
Henriqueta Lisboa, Flávia Suassuna, Abigail
Souza e Taciana Valença
O mar nos
olhos
Sophia de
Mello Breyner Andresen
Há
mulheres que trazem o mar nos olhos
Não
pela cor
Mas
pela vastidão da alma
E
trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam
para além do tempo
Como
se a maré nunca as levasse
Da
praia onde foram felizes
Há
mulheres que trazem o mar nos olhos
pela
grandeza da imensidão da alma
pelo
infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há
mulheres que são maré em noites de tardes..
e
calma
Não a face dos mortos*
Henriqueta
Lisboa
Não
a face dos mortos.
Nem a face
dos que não coram
aos açoites
da vida.
Porém a face
lívida
dos que resistem
Nem a face
dos que não coram
aos açoites
da vida.
Porém a face
lívida
dos que resistem
pelo
espanto.
Não
a face da madrugada
na exaustão
dos soluços.
Mas a face do lago
sem reflexos
quando as águas
entranha.
na exaustão
dos soluços.
Mas a face do lago
sem reflexos
quando as águas
entranha.
Não
a face da estátua
fria de lua e zéfiro.
Mas a face do círio
que se consome
lívida
no ardor.
fria de lua e zéfiro.
Mas a face do círio
que se consome
lívida
no ardor.
*In A face lívida (1945)
Desabrigo
Flávia
Suassuna
Meu rosto
é um espelho
de tudo.
Cada ruga
conta o que houve.
Não ter explicações
é o pior.
E todos os encontros
são também despedidas.
Se soubéssemos,
haveria abrigo.
Mas ele é só
uma palavra.
Metro quadrado
Abigail Souza
Entro,
sento
armas
são dispostas:
à
direita - pensamentos
à
esquerda – cruzadas
como
não mais se vê.
De
arma em punho
- traço
Devaneios
e tristeza
lado
a lado.
A
lâmina fria consome
a
calamidade dos fatos
em
olhos de terror
num
quadrado
de imagens.
No
amarelo borbulhante
sorvo
a tensão dos dias
d
e r r a m a d o s.
Até
os dedos correrem
ávidos
na tela
- o silêncio.
A um amigo
Taciana
Valença
Houve
um tempo
Em
que a praia era nossa -
A
vida nos sorria e o vento
Secava
a água em nossas costas
Houve
um tempo
Não
muito longe,
Em
que os sorrisos se esbarravam,
E
as palavras tinham sabor de vida
Houve
um tempo
Em
que nem chovia -
Os
pés corriam, afundados na areia
E
as ondas eram risos desafios
Houve
um tempo
Dos
sonhos d'um destino
Que
reluzindo ao longe
Brilhavam
nos olhos do menino.
POEMAS DA SEMANA
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
08:53
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