Poemas da Semana
Poemas de Natanael Lima Jr, Frederico Spencer, Antonio de campos,
Juareiz Correya, Taciana Valença e Pablo Gallindo
Lembrança partida*
Natanael Lima Jr
Img: Reprodução |
ah amigo!
essa saudade é
que não passa
e os nossos sonhos irrevelados
em cada canto
da casa
ainda pulsam
de emoção
ah amigo!
essa dor é que
não passa
e a madrugada
posta sobre a mesa
embriagada
partiu sem cor
solitária e
sem amor
ah amigo!
a lembrança
partida é o que restou,
a vida é desse
jeito:
despreza e
ampara
afaga e depois
maltrata...
e continua o
sonho pra sempre
na lembrança,
na saudade
e na dor
(*) Poema inspirado na canção “Asa Partida” de
Raimundo Fagner.
Hoje
Frederico Spencer
Img: Reprodução |
Hoje sou todo
teu
para que
juntes pedaços
e me acolhas
desse frio
um leite
quente, me sirvas
hoje, teu
menino
em teu ventre
estou
preciso, de
cuidados:
que me
adormeças
em navios
piratas, viaje
com cigarras,
cante
a baratinha da
neve, salve.
Hoje não quero
ser o lobo
venho para
teus braços e
minha cabeça
no teu colo, deito
e espero tua
mão
em meus
cabelos.
Cantigas de
ninar cantes.
Hoje morto de
cansaço
faço de ti o
cais:
nas barras de
tuas saias.
Nesta noite
criança, sou
é preciso, que
não durmas
hoje sou medo
vazio
indomável
solidão escura.
ARAPONGA SONG
(Where the Araponga Sings)
Canção do Exílio em Casa
Antonio de Campos
Minha terra tem palmeiras
where the araponga sings,
as aves que aqui gorjeiam,
como as de lá,
não gorjeiam nem flap the wings*
Nosso céu tem mais monitoramento,
nossa economia, também,
nossa indústria não é nossa,
só a dívida,
como convém
Minha terra tem horrores,
que não encontro cá –
assalto, estupro & corrupção,
agora mais o canto da araponga
que só existe lá
Minha terra tem farsantes
que se fingem irritados
com qualquer espionagem,
sem mais delonga,
quando tudo lá é farsa e monitorado,
menos o canto d’araponga
Que eu morra, não permita Jeová
sem que volte pra lá,
apesar da viagem longa –
para a minha terra,
onde canta a
araponga
*araponga, também conhecida no Nordeste como
ferreiro, por seu canto estridente,
que lembra o de uma bigorna sendo malhada. Em fase
de extinção, como tudo o mais no Brazil que o represente com dignidade. Em
linguagem popular espião.
*flap their wings: não batem asas. No poema, o
verso foi aportuguesado. Escrito na língua de nossos principais
neocolonizadores como expressão de nossa total dependência econômica &
cultural, agora dotada de tecnoarapongagem, pelo que, a rigor, o poema deveria
ter sido todo escrito em inglês.
Poema em comemoração de mais um ano
(o de número 191, por enquanto) de nossa
(In)dependência.
setembro 03, 2013
ESTADOS UNIDOS X BRASIL
Juareiz Correya
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O Brasil é amigo,
inimigo ou um problema
para os Estados Unidos ?,
quer saber o Presidente Obama.
O povo brasileiro
pode muito bem dizer :
Os Estados Unidos
são um amigo da nossa riqueza,
inimigo da nossa liberdade
e um problema (uma desordem)
para o nosso progresso nacional.
inimigo ou um problema
para os Estados Unidos ?,
quer saber o Presidente Obama.
O povo brasileiro
pode muito bem dizer :
Os Estados Unidos
são um amigo da nossa riqueza,
inimigo da nossa liberdade
e um problema (uma desordem)
para o nosso progresso nacional.
(Boa Vista, Recife,
3 / setembro / 2013)
3 / setembro / 2013)
Delicadeza
Taciana Valença
Img: Reprodução |
D'uma delicadeza
triste
O olhar morreu
Ali, na noite
Sobre as canoas, d'um fogo
Q'ueardendo em lágrimas
Insuflou o mergulho
Profundo, águas frias
Fuga e busca d'uma efígie,
Inútil, apenas escuridão
E a vontade de ir mais fundo
Das profundezas fiz meu paço
Um sopro
Um olhar para superfície,
O vermelho do fogo
Num silêncio, sem canoas
A marca fincou a alma
Pulsa a efígie no peito
Num espraiar gélido e profundo
Em outro mundo...
A Cyl Gallindo
Pablo Bruijns
Gallindo*
Img: Reprodução |
me vi criança
me vi sozinho
sem respostas
não é a perca
mas o vazio
o eco de minha própria voz...
o eco de minha própria voz...
ressoa no vazio
de minha perda
sem respostas
me vejo só
como criança
me vi sozinho
sem respostas
não é a perca
mas o vazio
o eco de minha própria voz...
o eco de minha própria voz...
ressoa no vazio
de minha perda
sem respostas
me vejo só
como criança
Pablo Bruijns
Gallindo
é filho do poeta Cyl Gallindo e atualmente reside
na Holanda.
Poemas da Semana
Reviewed by Natanael Lima Jr
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09:32
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Acompanho o trabalho da Poeta Taciana Valença já há muitos anos. Encanta-me o sabor das palavras, as cores dos versos, os aromas fabulosos desse lirismo que poucos Poetas conseguem exteriorizar! Parabéns!
ResponderExcluirQue bom Emmanuel sua visita e seu comentário. Concordo com vc sobre a produção poética de Taciana.
ExcluirNatanael Lima Jr
Editor
Emmanuel, bom dia
ResponderExcluirTambém concordo com você, acho que Taciana é hoje um dos grandes nomes da poesia feminina pernambucana. E temos o prazer de publicar seus poemas em nosso portal. Obrigado pela visita e o comentário.
Frederico Spencer
Editor de Texto.