Um dos Mais Completos Blogs de Conteúdo Literário de Pernambuco
por Fátima Quintas*
Parabenizo
o Blog “Domingo com Poesia” pela sua versatilidade na produção estética e na
excelente seleção do material oferecido. As duas vertentes, estética e
conteúdo, possibilitam uma verdadeira viagem ao mundo da poesia.
A abordagem
dos temas conduz a importantes interações, que vão se multiplicando à medida
que a viagem visual acontece. A comunicação é estimulante, provocativa e
sedutora. Percorrer, portanto, os meandros do Blog é uma maneira de deparar-se
com a beleza em nuances variadas.
A leitura
virtual demanda níveis de sensibilidade, o que se percebe na construção, passo
a passo, de uma liturgia poemática celebrada com delicadeza. Assim a “poiesis” casa-se com um modelo bem
trabalhado, pleno de minúcias e de aportes decorativos. É sempre um prazer
acordar ao domingo e despertar com versos, textos, imagens, informes que se
harmonizam em um palco bem iluminado. Um caleidoscópio de palavras e metáforas.
*Fátima
Quintas é escritora, ensaísta, professora universitária,
presidente da Academia Pernambucana de Letras
Poemas de Natanael Lima Jr, Frederico Spencer, Márcia Maracajá e Fred Caju
Solilóquio*
Natanael Lima Jr
aos Menezes, Antonino, Douglas e
Frederico
Imagem: Reprodução |
a
praça está vazia...
e
talvez o silêncio
descreva
o que sinto agora
na
solidão da madrugada
sem
amigo e sem poesia
escuto
de minha alma uma voz silente, fria:
-
por que teu coração amarga descrenças,
tristezas
e incertezas?
ah,
alma intranquila que és!
à
noite segue-se o dia
e
o canto que te sorves agora
transforma,
acalma e ilumina
talvez
o silêncio da praça
descreva
o que sinto agora
na
solidão da madrugada vazia
*In À
espera do último girassol e outros poemas, 2011, p. 31
O canto das estrelas*
Frederico
Spencer
Ao poeta César Leal
Imagem: Reprodução |
No
canto
das
estrelas – infinito
escrevo
uma canção
para os
homens moradia
aberta
e transparente
sobre a
cidade – alerta
fio luz
e ritmos, poemas
pela
fresta da janela, azul
o corpo
maduro gesta
o amor
e outras invenções: realidades
paralelas.
*In Abril Sitiado, 2011, p.
45
Singrando
Márcia Maracajá*
Imagem: Reprodução |
Um rio vermelho me sai
Traz a boa nova do mês
E sou toda escarlate
Na hora em que me banho
Desce das coxas aos pés
O líquido com fluidez
Comprovando mais uma vez
A liberdade, meu ouro-sangue
E tantas mulheres choram
Por esse ouro vindo
O líquido, denso, sofrido
Com valor diferente do meu
Sangue que anuncia meu desejo
De singrar tanto e por tanto
Ser isso de vida assim leve
Nada em mim carregando.
Traz a boa nova do mês
E sou toda escarlate
Na hora em que me banho
Desce das coxas aos pés
O líquido com fluidez
Comprovando mais uma vez
A liberdade, meu ouro-sangue
E tantas mulheres choram
Por esse ouro vindo
O líquido, denso, sofrido
Com valor diferente do meu
Sangue que anuncia meu desejo
De singrar tanto e por tanto
Ser isso de vida assim leve
Nada em mim carregando.
Jaqueline
Fred Caju*
Imagem: Reprodução |
Um rio que corre para o mar
tem um caminho previsível,
pois não dispõe de alternativas,
sempre terá que se encontrar
com outras águas receptivas.
A minha vida é como as águas,
levará sempre ao mesmo fim;
eu sou como um rio caudaloso:
escuro e poluído por mágoas
e claro e limpo onde é valioso.
Deságuo no mais triste oceano,
que é a moradia de muitos como eu;
um mar de grande imensidão
onde está o medo dos humanos:
a mais profunda solidão.
Eu sou como a água da torneira:
útil apenas por minutos,
depois retorno ao encanamento;
minha importância é passageira,
de fixo, apenas o esquecimento.
Também sou como a água pluvial:
eu sempre vou caindo lá do alto
em movimento decadente,
a queda faz parte do normal,
já fiz da derrota um parente.
Quem me dera ser a cachoeira
para ser destaque no rio;
ir no embalo da correnteza
com suas águas aventureiras
que não conhecem a tristeza.
Contudo, minha água é parada
e triste como a de um açude:
não ocorre nenhum movimento
e jamais acontece nada,
só sou sentida pelo vento.
Não obstante, minha inércia é total
como a água de um poço profundo,
onde só se encontra a escuridão
e o silêncio se torna banal
no meio de toda essa solidão.
Porém, a lágrima é o que sou:
é triste, todavia é sincera;
represento toda a pureza
de quem, de fato, um dia já chorou
(seja de alegria ou de tristeza).
Todo rio corre para o mar
e será para lá que eu vou;
eu buscarei por algum cais
o qual me permita ancorar
e recuperar minha paz.
*Fred Caju é poeta e editor do Blog Sábados de Caju
“O Trabalho do escritor” de Marcelino
Freire*
Imagem: Reprodução
Como
eu faço para publicar o meu livro? E para sair no jornal, como é que é? Para
conseguir uma resenha? Você tem como me passar os contatos? E como entro para o
grupo de vocês? Vocês ainda se reúnem na Vila Madalena? Você acha que vale a
pena contratar um assessor de imprensa? Você me ajuda nesta? E as festas
literárias, como participar? Você, por acaso, tem uma lista de feiras? Contatos
no interior? Vejo que você viaja muito. Pelo Brasil e pelo exterior. Tem como,
assim, indicar o meu trabalho? Eu gosto de falar. E contar umas piadas. Juro
que não irei decepcionar. Posso até pagar os custos da viagem. E, olha, estou
aqui para o que você precisar. Sem favorecimento. Nem camaradagem. Tem como
você me convidar para o evento que você, todo ano, organiza? Só o fato de estar
lá ajudará a espalhar a minha literatura. Você leu o que te mandei, não leu? O
que achou? Eu gostaria de uma orelha sua. Pode ser? Um nome ajuda na hora de os
jornalistas receberem a obra na redação. E os prêmios literários? Fala. Como eu
faço para ganhar um? Você já foi premiado, não foi? Merecido, com certeza.
Ainda não li o que você escreve. Mas juro que eu lerei um dia. Admiro sua
prosa, sua poesia. Hoje, dia primeiro de maio, Dia do Trabalhador, me lembrei
de você. E falei assim para mim: vou escrever um e-mail para ele. Quem sabe ele
não me tira deste marasmo? Desta preguiça. Todo escritor é mesmo desse jeito, é
ou não é? Estou no caminho certo, não estou? Só preciso de sua força. E um
pouco do seu suor. No aguardo de sua resposta. E com o abraço do seu eterno
admirador.
*Marcelino Freire é escritor e edita o
blog “Ossos do Ofídio”
Um dos Mais Completos Blogs de Conteúdo Literário de Pernambuco
Reviewed by Natanael Lima Jr
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