Poemas de Luíz Carlos Monteiro
GRAFITO EM RECIFE
Não te provoco - Sei que és violenta
e podes dispor de meu corpo
sem que eu o saiba ou espere.
e podes dispor de meu corpo
sem que eu o saiba ou espere.
Não te evoco,
e também
o louvar não te quero -
em meio a falácias e lutas
a viver o delírio dos loucos
e a sonhar num adolescer de destroços
não te rejeito ou refuto, não te renego ou expulso
de mim
ó cidade vadia, cidade maligna, obscura cidade!
e também
o louvar não te quero -
em meio a falácias e lutas
a viver o delírio dos loucos
e a sonhar num adolescer de destroços
não te rejeito ou refuto, não te renego ou expulso
de mim
ó cidade vadia, cidade maligna, obscura cidade!
Cidade ativa
desenfreada, divina
por onde amo e circulo.
desenfreada, divina
por onde amo e circulo.
O CEGO DA CAXANGÁ
Veste o melhor trapo o cego
para pedir a esmola diária
para pedir a esmola diária
Descendo ônibus
subindo ônibus
descendo este ônibus
e a tomar novo ônibus
subindo ônibus
descendo este ônibus
e a tomar novo ônibus
Não padece esse cego
vergonhas recatos pudores
nem qualquer outro tipo
de sentimento burguês
que de algum modo o impeça
de ganhar o seu troco
obter seu pecúlio
batalhar o seu soldo.
vergonhas recatos pudores
nem qualquer outro tipo
de sentimento burguês
que de algum modo o impeça
de ganhar o seu troco
obter seu pecúlio
batalhar o seu soldo.
2.
Não esquece esse cego
o não visto,
o impressentido
e o ir-
realizado,
porém
não desvenda,
não vê
e não sente essa vida
este cego?
o não visto,
o impressentido
e o ir-
realizado,
porém
não desvenda,
não vê
e não sente essa vida
este cego?
3.
Alguém vê, quem desvenda, qual enfim
poderá refletir essa vida
com suas órbitas vazadas de cego?
poderá refletir essa vida
com suas órbitas vazadas de cego?
PARA SENTIR O TEU CORPO
É tão ínfima a distância
quanto viva a lembrança -
E é tão vivo e tão próximo teu corpoquanto viva a lembrança -
que não se perde a esperança
Poemas de Luíz Carlos Monteiro
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
15:31
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