ADELMAR TAVARES: O PERNAMBUCANO QUE VIROU "O PRÍNCIPE DOS TROVADORES BRASILEIROS”

 

Postado Por DCP, em 16/02/2025 








Adelmar Tavares, um dos mais geniais
trovadores brasileiros I Imagem: Reprodução






Adelmar Tavares foi reverenciado por sua genialidade e criatividade como o “Principe dos Trovadores Brasileiros”. Colaborou e escreveu para vários jornais e periódicos, e seu nome se tornara conhecido em todo o país na área da trova, sendo considerado, até os diais atuais, o maior cultor desse gênero poético no Brasil. Suas trovas sempre mereceram referência na cena literária brasileira. Sua produção poética caracteriza-se pelo romantismo, lirismo e aguçada sensibilidade, sendo predominante temas como o da saudade e o da vida singela junto à natureza.

 

Adelmar Tavares (Adelmar Tavares da Silva Cavalcanti), nasceu no 3º andar de um sobrado da rua Santo Antônio, em Recife, no dia 16 de fevereiro de 1888. Seus primeiros estudos foram realizados na cidade de Goiana (Pernambuco), em seguida transferiu-se para Recife com 11 anos. Estudou no Colégio XI de Agosto e no ''Instituto Pernambucano". Formou-se em Direito em 1910. Em Recife, com outros colegas de Faculdade, publicou o seu primeiro livro, em 1907, quando tinha apenas 19 anos.

 

Depois de formado transferiu-se para o Rio de Janeiro. Naquela cidade, ocupou o cargo de adjunto de Promotoria Pública, de advogado do Banco do Brasil e foi, mais tarde, presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e professor da Faculdade de Direito de Niterói. Foi o quinto ocupante da Cadeira 11, da Academia Brasileira de Letras, eleito em 25 de março de 1926, na sucessão de João Luís Alves e recebido em 4 de setembro de 1926 pelo Acadêmico Laudelino Freire. Recebeu o Acadêmico A.J. Pereira da Silva. Também presidiu a ABL no ano de 1948, segundo registros históricos da própria Academia Brasileira de Letras.

 

Publicou vários livros, entre eles destaco: Descantes - trovas (1907); Trovas e trovadores - conferência (1910); Luz dos meus olhos, Myriam - poesia (1912); A poesia das violas - poesia (1921); Noite cheia de estrelas - poesia (1923); A linda mentira - prosa (1926); Poesias (1929); Trovas (1931); O caminho enluarado - poesia (1932); A luz do altar - poesia (1934); Poesias escolhidas (1946); Poesias completas (1958).

 

Adelmar Tavares faleceu no Rio de Janeiro em 20 de junho de 1963, aos 75 anos de idade.

 

 


 

RECORTES POÉTICOS DE ADELMAR TAVARES


 

 

 

A VIDA TEM DOIS CAMINHOS

 

A vida tem dois caminhos.
Um, todo cheio de flores,
todo cheio, outro, de espinhos...

Uns pela estrada florida,
passam, bem longe das dores,
só tendo flores na vida.

Outros, bem tristes, se vão,
trazendo os pés nos espinhos,
e espinhos no coração.

 

 

*

 

 

 

SERENIDADE

 

Nunca de mim se ouviu um só protesto
de maldição, de cólera aturdida,
sequer uma palavra, ou mesmo um gesto
de malquerer a quem mais quis na vida.

Arrasto como a um fardo, a alma ferida,
e a dor que me crucia, manifesto,
sem jamais inculpar de fementida,
aquela que em meu sonho amo, e requesto.

Em perdendo-a, perdi toda a alegria
do coração que em mágoas apunhalo.
Perdi a luz!... Fechou-se o sol que eu via!...

Tudo abateu com a queda desse amor,
tão forte, que ainda sinto o seu abalo,
tão grande, que ainda escuto o seu fragor.

 

(Noite cheia de estrelas, 1925.)

 

 

*

 

Todo amor dura, apenas, um segundo,
ou quando dura muito, - uma estação.
É como a Primavera o amor no mundo,
querê-lo, eternamente, uma ilusão.

Chega... Perfuma tudo... O charco imundo
faz em jardim, e passa... É um sonho vão.
- Mas o amor-sofrimento?!... O amor-profundo,
lá da raiz do nosso coração?!...

Amor que sendo angústias sufocadas,
ama cada vez mais, sereno e forte,
e acha encanto nas lágrimas choradas?!...

- Esse, há de eterno, pelo seu sofrer,
arder por toda a vida, até a Morte,
para no além da Morte, reviver...

 

(Noite cheia de estrelas, 1925.)

 

 

 

A CIDADE DE RECIFE

 

Pátria do meu amor! Recife linda,
como te guarda o meu saudoso olhar!
Velas ao longe... Os coqueirais de Olinda,
e uma terra a nascer da água do mar...

Um céu de estrelas que entrevejo ainda.
Sob as pontes, o rio a se estirar...
Noites de lua... que saudade infinda...
brancas... que dão vontade de chorar...

Filho ingrato, parti... Mas nem um dia,
deixei de te lembrar, por mundo alheio,
onde me trouxe a glória fugidia.

Pátria, quando eu morrer, piedosa e boa,
dá que eu durma o meu sono no teu seio,
como um seio de Mãe que ama e perdoa...

 

(Noite cheia de estrelas, 1925.)

 

 

 

TROVAS

 

Não sei porque, quando canto,
por mais alegre a canção,
tem uma gota de pranto
que vem do meu coração.

 

            *

Eu vi o rio chorando
quando te foste banhar,
por não poder te banhando,
dar-te um abraço, e ficar...

 

*

 

Amar é obra perdida
mas, que dissessem, queria,
se não fosse amar na vida,
a vida, que valeria?!

 

            *

 

As penas em que hoje estou,
disse-as ao Sol, - fez-se triste.
Disse-as à Noite, - chorou...
Disse-as a ti, e sorriste...

 

 

 

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Fonte de Pesquisa: Wikipédia, Academia Brasileira de Letras, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE.  




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