SALVADOR
Por Douglas Menezes*
Salvador Allende Gossens
foi um médico e polÃtico socialdemocrata
chileno.
Governou seu paÃs de 1970 a
1973.
Imag.: Reprodução
Faz
trinta anos que essa poesia existe, resgatando a história num brado de doloroso
pesar. Pois a Literatura diz da vida como ninguém pode dizer, tudo que se
imagina de espiritual ou concreto o fazer literário expressa reinterpretando
com sua multiplicidade a saga humana de encontros e desatinos. Na polÃtica
inclusive. E tanto mais competente quando o panfleto dá lugar à sensibilidade
poética, à busca de se fazer justiça a alguém que fez do idealismo sua razão de
viver. Assim, a poesia não é feita só de versos, mas de uma iluminação tão
própria que abrange a vida como um todo.
A
poesia fez isso durante as trevas da América daqui. Poeta não é frágil como se
pensa. Corajoso ele gritou contra a escuridão: sofreu, perdeu a vida, viu
amigos partindo sem voltar à estação, a negra noite latina a parecer não
findar, ele viveu e acreditou no renascer, esperança infinita até os ventos
soprarem espalhando a fantasia que se fez possÃvel. Agora, apesar de tudo,
menos ruim essa América, cantada, até a noite terminar, em prosa e verso,
principalmente em verso.
Na
poesia de Natanael Lima, a humanização da polÃtica Allende cantado como
sÃmbolo, não só de resistência, mas de crença na liberdade de um continente,
sempre tratado como casa sem dono, um choro alto a clamar por novos ares: “A tarde silenciou a voz / da liberdade e da
justiça. / O canto não resistiu à tristeza. / E partiu sem glórias e honras. /
O golpe tingiu de sangue / a pátria e a resistência de um povo: / salva-nos
dessa dor, / Salvador Allende".
Talvez
tão velha pelos trinta anos, essa poesia, talvez tão nova pelo alerta às gerações
para que nunca mais aconteça de novo o retorno desse medo a deixar feridas
difÃceis de cicatrizar nessa América, inda agora, a continuar buscando seu
encontro com uma verdade que a humanidade necessita abraçar: um mundo sem
fronteiras, prosperidade e justiça social.
Cabo
de Santo Agostinho, 8 de maio de 2017.
*Douglas Menezes nasceu
no Cabo de Santo Agostinho. Formado em Letras pela Universidade Católica de
Pernambuco (UNICAP) e em Comunicação Social
pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É pós-graduado em
Literatura Brasileira e Produção Textual. É membro fundador da Academia Cabense
de Letras (ACL). Publicou as seguintes obras: “Crônica do Silêncio”, “O Último Ritual”, “Lua de Pedra”, “Voo para a
Ternura”, “Cidade do Cabo de Santo Agostinho, uma Declaração de Amor”, “Análise
Sintática”, “A Intratextualidade em Graciliano Ramos”, Redação Essencial”,
“Graciliano Ramos, o Cidadão Escritor”, “Literatura para o Vestibular” e “Uma
canção, por favor”, o seu mais recente livro de crônicas. Participou de
algumas coletâneas. Ocupou vários cargos públicos em sua cidade, incluindo
Secretário de Cultura. É professor da Rede Estadual e da Rede Particular.
SALVADOR
Reviewed by Natanael Lima Jr
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