ENTREVISTA COM O ESCRITOR RAIMUNDO CARRERO
“A literatura contribui muito com o processo educativo, mas o aluno não pode ser obrigado a ler. A leitura deve ser parte da sedução do leitor, leitura como resultado do entusiasmo do professor e a leitura deve se tornar um hábito saudável.”
Raimundo
Carrero/Foto: Divulgação
Já
entrando nas comemorações do nosso quarto ano de resistência no campo da
literatura pernambucana, o DCP traz nesta edição uma entrevista exclusiva com o
escritor Raimundo Carrero.
Carrero
é considerado hoje como um dos Ãcones da literatura nacional. Nasceu na cidade
de Salgueiro (PE) e chegando ao Recife, estudou e se tornou músico
profissional, tocando sax num conjunto musical conhecido pelo nome de Os
Tártaros. Trabalhou em rádio, televisão e no Diario de Pernambuco,
atuou de forma incisiva no movimento armorial criado por Ariano Suassuna. É
membro da Academia Pernambucana de Letras. Tem vários prêmios nacionais,
inclusive o prêmio Jabuti no ano 2000.
DCP
-
Você é um homem religioso, acredita no diálogo com Deus. O ato de escrever é
resultado desse diálogo ou da relação do homem com seu momento histórico, de
sua relação com o mundo?
RC
-
Meu diálogo com Deus é permanente. Minha obra é realizada sob a bênção de Deus
e acredito profundamente nisso. É Ele que me orienta e que me conduz. Estou
convencido disso.
DCP
-
Qual a importância da literatura para a educação, você acha que poderÃamos
formar melhor nossos jovens a partir dela?
RC
-
É claro que a literatura contribui muito com o processo educativo, mas o aluno
não pode ser obrigado a ler. A leitura deve ser parte da sedução do leitor,
leitura como resultado do entusiasmo do professor e a leitura deve se tornar um
hábito saudável.
DCP
-
Para você o leitor tem que ser fisgado pelo autor, isto é técnica ou o ato
instintivo do escritor atuando no momento da criação?
RC
-
O autor deve ter suas técnicas de sedução. Mesmo que seja intuitivo. Mesmo
parecendo contraditório, a técnica pode ser intuitiva e trabalhada pelo
escritor.
DCP
-
Quem lhe motivou mais para você se tornar um escritor, o rock ou jornalismo?
RC
-
Não o rock especificamente, mas a música, a grandiosa música, por isso meu
texto é musical. O jornalismo ajudou-me a disciplinar a palavra, a frase, por
exemplo.
DCP
-
Literatura é esforço permanente?
RC
-
Sim. É preciso escrever e experimentar permanentemente.
DCP
-
Suas oficinas formam escritores?
RC
-
Com certeza. E tanto é verdade que tenho alunos premiados nacionalmente. Dois
dos maiores exemplos são: Marcelino Freire e Débora Ferraz.
DCP
-
Você tem afirmado que todo escritor ou aprendiz- deve ser, antes de mais nada,
um leitor voraz. A leitura é a base de tudo?
RC
-
A leitura é a oficina permanente do escritor. É preciso ler, ler e ler;
escrever, escrever e escrever.
DCP - Com 17 livros editados, sendo um escritor
premiado nacionalmente, sem ter saÃdo do Recife para enfrentar o mercado, qual
avaliação que você faz para o alcance deste sucesso?
RC
- Eu
não sei se minha obra é realmente um sucesso. É o resultado, sem dúvida, de um
grande esforço com prêmios, ótimas crÃticas, traduções e boas vendas. Mas
prefiro achar que é apenas um resultado do meu empenho. Tenho grandes
esperanças de ainda escrever uma grande obra.
DCP
- O
seu romance ‘O senhor agora vai mudar de corpo’ foi o mais
importante tecnicamente produzido?
RC
- O
Senhor agora vai mudar de corpo é um livro técnico porque evitei o meramente
emocional. Escrevi o que ensino nas oficinas.
DCP
- As novas tecnologias
contribuem para a formação de público leitor?
RC – Escrever no computador
é muito mais simples do que escrever na máquina de datilografia. Esta, me
parece, ser a principal vantagem da tecnologia. As outras tecnologias são
complementares.
ENTREVISTA COM O ESCRITOR RAIMUNDO CARRERO
Reviewed by Natanael Lima Jr
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09:29
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