A Escritora e a Força
por Cássio Cavalcante*
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Fotos Arquivo Fátima Quintas
O
sexo nada frágil se revela uma fortaleza e faz história na Academia
Pernambucana de Letras. A Gestão feminina de Fátima Quintas reafirma a APL,
como um dos principais pólos de expressão literária do nosso estado. Tendo o
legado de Gilberto Freyre muita influência em seus escritos. Começou como
antropóloga, é antropóloga de formação. Sempre que escrevia um relatório seu
chefe dizia: “Isto não é ciências, isto é literatura”. E ela ficava a pensar
qual era a diferença entre ciências e literatura.
Em
meio a tantas transformações ocorridas no universo feminino, tantas conquistas
nas últimas décadas, acha que o preconceito é uma coisa difícil de ser
erradicado. Que o mundo está melhorando com essas grandes conquistas das
mulheres. Argumenta que nos últimos cinquenta anos foram de vitórias
vertiginosas para o feminino. Considerando Clarice Lispector uma das maiores
escritoras do mundo. Explica que a literatura de Clarice consegue uma coisa
muito difícil, que é mexer nos nervos do leitor.
Assim
é a presidente da casa de Carneiro Vilela, serena e tranquila mas com o vigor
de quem quer fazer. Ampliando as possibilidades de acesso à academia, causando
com isso uma maior integração entre o público leitor e o escritor. As
possibilidades dessa aproximação são infinitas e faz disso uma de suas
principais metas. Eleita por aclamação no dia 12 de dezembro de 2011,
tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo: “Quero representar todas as
mulheres do Recife e do Estado nessa função. É uma grande honra, fico muito
feliz. De certa forma, isso coroa os esforços do meu trabalho”. Declarou.
Sua
palavra de ordem é abertura. Promovendo o diálogo entre os escritores e a
sociedade: “Quero dar ao prédio uma vida literária que se equipare à sua
beleza”. Declarou a escritora a um jornal quando foi eleita. Um ano se passou
sob a batuta da autora do livro: A Ilustre Casa dos Fantasmas, tivemos aula
espetáculo de Ariano Suassuna com recorde de público. Eventos ressaltando nomes
como Raimundo Carrero, Gilvan Lemos, Edney Silvestre, Olimpio Bonald Neto,
Álvaro Lins, Graciliano Ramos entre outros. Neste ano, aconteceu pela primeira
vez a Casa da APL na Fliporto. Cravou seu nome no tempo, nos presenteando com a
primeira edição, o número um do suplemento literário da APL: A palavra. Um
belíssimo exemplar com textos assinados por nomes como Lucila Nogueira,
Ivanildo Sampaio, Margarida Cantarelli, Lourival Holanda. Todo isso em meio a
ilustrações com um charme pernambucano, do querido e competente Wilton de
Souza. Acontece uma efervescência literária digna de aplausos.
Erasmo
Carlos disse e cantou: “Dizem que a
mulher/ É o sexo frágil/ Mas que mentira absurda!/ Eu que faço parte/ da rotina
de uma delas/ Sei que a força/ Está
com elas...” Eu, só posso concordar com ele.
Praia
de Boa Viagem, Recife, 22 de dezembro de 2012.
*Cássio Cavalcante, cearense,
administrador, radicado em Pernambuco há mais de 20 anos. Teve seu inicio na
literatura como contista, com a publicação do conto Meu Primeiro Milhão na
revista Caruaru Hoje, em outubro de 2005. Secretário Geral da União Brasileira
de Escritores em Pernambuco. Primeiro Secretário da Academia Recifense de
Letras, ocupando a cadeira de nº 01. Pertence a Academia de Artes, Letras e
Ciências de Olinda, ocupando a cadeira de nº 21. Segundo Secretário da Academia Olindense de
Letras, ocupando a cadeira de nº 20. Biografo da cantora Nara Leão, prosador,
assina à coluna Bate-papo Literal no jornal da zona sul do Recife Gazeta Nossa.
Colaborador do Jornal Folha do E. Santo – Cachoeiro do Itapemirim (ES). Personalidade
da Neolatinidade concedida pelo Conselho Consultivo do Movimento Festival
Internacional de Culturas, Línguas e Literaturas – Festlatino. É verbete do
dicionário Cravo Albim da Música Popular Brasileira. Membro da SABEPE –
Sociedade dos Amigos da Biblioteca Pública do estado de Pernambuco.
Nota
do Editor:
O escritor Cássio Cavalcante inicia a partir de agora a integrar a equipe de
colaboradores desse blog.
POEMAS DE NATAL
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, MÁRIO QUINTANA E
ALBERTO DA CUNHA MELO
Poema do
Dia...
Carlos
Drummond de Andrade
A
cada dia que vivo, mais me convenço
de
que o desperdício da vida está
no
amor que não damos,
nas
forças que não usamos,
na
prudência egoística
que
nada arrisca
e
que,
esquivando-nos
do sofrimento,
perdemos
também a felicidade.
Dor
é inevitável.
O
sofrimento é opcional.
A Rua dos
Cataventos: XII
Mário Quintana
Tudo
tão vago... Sei que havia um rio...
Um
choro aflito... Alguém cantou, no entanto...
E
ao monótono embalo do acalanto
O
choro pouco a pouco se extinguiu...
O
Menino dormira... Mas o canto
Natural
como as águas prosseguiu...
E
ia purificando como um rio
Meu
coração que enegrecera tanto...
E
era a voz que eu ouvi em pequenino...
E
era Maria, junto à correnteza,
Levando
as roupas de Jesus menino...
Eras
tu... que ao me ver neste abandono,
Daí
do céu cantavas com certeza
Para
embalar inda uma vez meu sono!...
Natal
Alberto da
Cunha Melo
Longe
do Olimpo, um deus nascia
roxo,
a gritar, como os humanos.
Um
deus sem flâmulas nascia,
para
os perdidos e os insanos;
nada
tinha do deus heleno
o
deus menino sobre o feno,
era
um deusinho de brinquedo
no
quintal do Império Romano,
era
o deus do povo com medo.
Um
deus sem sorte, palestino,
e sem teto, desde menino.
A Escritora e a Força
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
12:08
Rating:
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Gosto muito do que meu pai escrever, ler os seus textos é como conviver com ele.
ResponderExcluirCássio Junior
Boa tarde,
ResponderExcluirMuito bom poema, e como o natal é uma quadra festiva em que estamos mais abertos a poesia que nos comova visitem o meu blog e deixem o vosso comentário.
http://oquequeriaquesoubesses.blogspot.pt/
Obrigado e Bom Natal