HENRIQUETA LISBOA
(Lambari/MG,
15/07/1901 - Belo Horizonte/MG, 09/10/1985)
Poeta,
tradutora, ensaísta. Foi organizadora de várias antologias. Primeira mulher a
ocupar uma cadeira na Academia Mineira de Letras (1963). Foi convidada para
integrar o movimento modernista pelo poeta Mário de Andrade em 1945. Foi
admirada no meio artístico e intelectual por diversos integrantes da época,
entre eles: Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira,
Cecília Meireles entre outros. Foi homenageada em 1984, com o Prêmio Machado de
Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra.
Principais
Obras: Velário (1936); Prisioneira da
noite (1941); A face lívida (1945 – dedicado a Mário de Andrade); Flor da morte
(1949); Madrinha lua (1952); Azul profundo (1955); Nova lírica (1971).
Vem, doce morte
Vem, doce morte. Quando queiras.
Ao crepúsculo, no instante em que as nuvens
desfilam pálidos casulos
e o suspiro das árvores - secreto -
não é senão prenúncio
de um delicado acontecimento.
Quanto queiras. Ao meio-dia, súbito
espetáculo deslumbrante e inédito
de rubros panoramas abertos
ao sol, ao mar, aos montes, às planícies
com celeiros refertos e intocados.
Quando queiras. Presentes as estrelas
ou já esquivas, na madrugada
com pássaros despertos, à hora
em que os campos recolhem as sementes
e os cristais endurecem de frio.
Tenho o corpo tão leve (quando queiras)
que a teu primeiro sopro cederei distraída
como um pensamento cortado
pela visão da lua
em que acaso - mais alto - refloresça.
Vem, doce morte. Quando queiras.
Ao crepúsculo, no instante em que as nuvens
desfilam pálidos casulos
e o suspiro das árvores - secreto -
não é senão prenúncio
de um delicado acontecimento.
Quanto queiras. Ao meio-dia, súbito
espetáculo deslumbrante e inédito
de rubros panoramas abertos
ao sol, ao mar, aos montes, às planícies
com celeiros refertos e intocados.
Quando queiras. Presentes as estrelas
ou já esquivas, na madrugada
com pássaros despertos, à hora
em que os campos recolhem as sementes
e os cristais endurecem de frio.
Tenho o corpo tão leve (quando queiras)
que a teu primeiro sopro cederei distraída
como um pensamento cortado
pela visão da lua
em que acaso - mais alto - refloresça.
HENRIQUETA LISBOA
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
20:31
Rating:

Nenhum comentário