Poemas da Semana
Poemas de
Natanael Lima Jr, Frederico Spencer, Juareiz Correya, Vital Corrêa de Araújo e
Jade Dantas
Voz por toda parte*
Natanael Lima Jr
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um
acordo fiz contra o acordo:
sangrar
de vez a voz
e
ser grito e lábios eternamente
um
acordo fiz contra o acordo:
ser
palavras qual extensão da vida
e
ser mãos, olhos e alma
um
acordo fiz contra o acordo:
jamais
limitar os sonhos
e
viver até desflorescer
um
acordo fiz contra o acordo:
jamais
ressuscitar a dor,
ser
amor presente
e
voz por toda parte
janeiro/2010
*Do livro “À espera do último girassol
& outros poemas, 2011.
Delírio das horas*
Frederico Spencer
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As
horas batem
a
agonia abissal deste tempo
engendramos
desejos púrpuros
nas
máquinas que constroem
esses
cristais e o vidro
em
nossa pele o medo
de
não querermos mais
os
rolezinhos, o Black Bloc, as multidões nas ruas
nos
shoppings de nossos sonhos
com
suas vitrines tristes
repousam
as cidades
que
sonhamos suas promessas
não
empolgam mais. O que fazer
a
não ser maquinar
bater
as horas
e
não chorar mais
uma
lágrima sequer
escorrer
agora.
*Do inédito: Código de Barras
Sonho vida
Juareiz Correya
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desperto
e completo o dia na noite
vivo
meus sonhos com os olhos abertos,
o
sono mutila o dia e anula a noite.
o
sono foge as horas em minhas mãos
-
irrealizáveis partículas dos meus átomos,
não
multiplicadas semanas dos meus corpos,
improdutivos
meses das minhas vidas,
inúteis
anos e séculos da cotidiana eternidade –
o
sono estraga todos os sonhos
e
eu sei que, dormindo, não repousamos.
a
vida é energia desperta claro dia
iluminando
a noite mais profunda.
o
sono é morte.
*Do livro América indignada y poemas
da alegria da vida, Panamerica Produções / Nordestal Editora, Recife, PE, 1991
Fuga do rosto*
Vital Corrêa de Araújo
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Narciso
se contempla absorto
no
amante que o aquoso
espelho
cria da matéria
formosa
do seu rosto
Ao
beijar-se vê o lábio
trêmulo
da água o sopro
do
amor mover-se como
de
si fugisse a face
Ao
suspiro de Narciso
se
encrespa a água
e
a imagem amada
de
si mesma si estilhaça.
*In Poesia pernambucana hoje
Esperança
Jade Dantas
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quando
achava que não havia esperança
uma
bem verde pousou-me na janela
verde
é a esperança que me encanta
inerte
e cinza é a desilusão
a
esperança me escala a parede
ela
é pequena, efêmera, matéria e luz
e
a qual tamanho pode crescer uma esperança?
ingênua
voa sobre minha cabeça
enquanto
fecho portas e janelas
tentando
prender comigo a esperança
me
concentrando em segurá-la
deve
ser bom ter a esperança guardada
mas
é tão frágil. Sua fragilidade vence
e
o desafio aos poucos perde a cor
deixar
morrer a esperança em minhas mãos?
desisto
ela
é poesia, é livre, e abro as portas
para
me ultrapassar de esperança
Poemas da Semana
Reviewed by Natanael Lima Jr
on
10:33
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Domingo Com Poesia que bela seleção de poemas. Parabéns!!!
ResponderExcluirOlá Negreiros, obg pela visita e comentário.
ExcluirMeu domingo fica mais poético com essas publicações. Parabéns aos poetas e editores.
ResponderExcluirObg Luciana, é a força e a luz da poesia. Volte sempre!
ExcluirLuciana, obrigado pela sua visita e comentário, trabalhamos para oferecer o melhor aos nossos leitores, que bom que gostou, volte sempre.
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