A GRANDE POESIA DE EDMIR DOMINGUES
Postado
por DCP I em 08/06/2023
Por
Natanael Lima Jr.*
Poeta intimista,
priorizou através dos sentimentos íntimos, a sua produção poética. A morte,
tema bastante abordado em vários de seus poemas, entre eles se destacando a Sextina
da Vida Breve, poema este que recebeu inúmeros elogios da classe literária
e foi inspiração para muitos outros poemas de outros poetas.
Era
cultor dos poemas de forma fixa, da métrica e do ritmo, destacando-se nas
sextinas e nos sonetos, sendo considerado um dos grandes sonetistas brasileiros.
Para Edmir Domingues, a poesia, obrigatoriamente, tinha de ser enxuta, “sem cavilhas
para atender a forma, sem adjetivos ou advérbios, senão os estritamente
necessários”.
Edmir
Domingues foi um destacado poeta pernambucano, nasceu no Recife, em 8 de junho
de 1927. Em 1950, concluiu o curso de bacharelado, começou a advogar, o que fez
até pouco antes de sua morte, em 1 de abril de 2001.
Em 1958,
juntamente com outros intelectuais pernambucanos, fundou a seção pernambucana
da União Brasileira de Escritores - UBE, onde compôs a primeira diretoria,
juntamente com Paulo Cavalcanti, Carlos Moreira, Carlos Pena Filho, Audálio
Alves, Cézario de Melo, Renato Carneiro Campos, César Leal, Lucilo Varejão
Filho, Olimpio Bonald Neto, José Gonçalves de Oliveira, Jefferson Ferreira
Lima, Clóvis Melo e Abelardo da Hora.
Publicou os livros: A Rua do Vento Norte. Recife: Editorial Sagitário, 1952; Corcel de espuma. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1960; Cidade Submersa e outros poemas.
Recife: Companhia Editora de Pernambuco, 1972; O domador de palavras. Rio de
Janeiro: Edições Tempo Brasileiro Ltda, 1987; Universo Fechado ou O Construtor de
Catedrais. Recife: Edições Bagaço, 1996; Lusbelino. Recife: Edições
Bagaço, 1996.
Em
reconhecimento a sua importância para a poesia de Pernambuco, a Academia
Pernambucana de Letras instituiu o Prêmio Edmir Domingues de Poesia, com
edição anual, a partir de 2001, ano de sua morte.
Sextina
da vida breve
Edmir
Domingues
Em dia
destes dias (muito breve)
partirei
sem remorso desta vida.
Quem
sentir minha falta seja forte.
Sei que a
terra em meu peito será leve
se pesada
me soube a dura lida
e quem
viveu no bem não teme a morte.
O que
vida será? Que será morte?
Que haverá
que eu não saiba muito em breve?
A ciência
dos homens, por mais lida,
não
decifrou sentido nesta vida.
Toda a
filosofia que se leve
do mundo
vão, nada terá de forte.
Bandeiras
coloridas nalgum forte
fremem
sempre de vida. Mas a morte
há de vir
mansamente, o passo leve,
lembrando
o acidental da vida breve.
Pois só
de brevidade vive a vida,
e de
mágoa, de dor, de dura lida.
Quanto
haverá de prêmio após a lida
a quem
não se curvou, a quem foi forte?
Ou é pura
ilusão o Mundo, a vida?
Ou é sono
sem fim, nirvana, a morte?
Sonho a
se esvanecer, fumaça breve
que o
vento mais sutil num sopro leve?
Possa eu
seguir no barco de alma leve
ganho o
óbolo em suor, preço da lida.
(Não dure
a travessia, seja breve).
Um copo
cheio de bebida forte
ajudará a
olhar de frente a Morte
como
ajudou a olhar de frente a Vida.
Nunca
houvesse rompido o ovo da vida
e não
conheceria a dor. Mais leve
do que o
ser é o não ser. A vida e a morte
são dois
prismas iguais da humana lida.
Pois todo
o que nasceu, ou fraco ou forte,
um só
destino teve: a vida breve.
Tenha-se
assim por leve a vida breve,
o
espírito o mais forte em toda a lida,
e se viva
na vida amando a morte.
abril,
1983
*Natanael
Lima Jr. é capricorniano, poeta, pedagogo e editor

Gostaria de saber se o nome completo do Sr. Domingues é Edmir da Boa Viagem Domingues da Silva. Obrigada
ResponderExcluirRetorno!!!
ResponderExcluirSempre que acesso esta Preciosa Página "Domingo com Poesia" a presença
do grande poeta, intimista, pernambucano, vem à minha memória.
À ele devo minha entrada no mundo poético com a sua recomendação de
nunca abandonar Marcel Proust.
E lá vai o meu texto:
"Em busca do tempo perdido
No retorno procuramos as ruas que fizeram o roteiro
da nossa infância, o cheiro bom da cozinha materna
e o repicar dos sinos.
Nos entardeceres solitários buscamos o relampejar
dos pirilampos, o cantar dos grilos e o coaxar dos
sapos.
Nada aparece...
Baixamos a cabeça e, em silêncio, choramos a
perda do horizonte do nosso passado..."
W lá vai o meu texto