RETRATOS DA LEITURA NO BRASIL
Postado por DCP em 14|08|2022
Por Natanael Lima Jr.*
Vários educadores, pesquisadores e agentes sociais têm posto em discussão o que se vem
sendo chamado de “crise na leitura no Brasil". Aliadas a isso, surgem
indagações sobre o papel da escola na formação de leitores, o papel do
professor, além das novas tecnologias digitais e o papel da internet frente a
essa preocupante realidade.
O
país perdeu, nos últimos quatro anos, mais de 4,6 milhões de leitores, segundo dados
da última pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (Instituto Pró-Livro - IPL,
Itaú Cultural e IBOPE Inteligência). De 2015 para 2019, o índice de leitores
caiu de 56% para 52%. Considera-se leitor aquele que leu, inteiro ou em parte,
pelo menos um livro nos últimos três meses. Já os considerados não leitores, ou
seja, aqueles com mais de cinco anos que não leram nenhum livro, nem mesmo em
parte, nos últimos três meses, representam 48% da população, equivalente a
cerca de 93 milhões de um total de 193 milhões de brasileiros.
Foram
feitas, segundo o IPL, 8.076 entrevistas em 208 municípios entre outubro de
2019 e janeiro de 2020. A pesquisa foi realizada antes da pandemia do novo
coronavírus, não refletindo, portanto, os impactos da crise sanitária brasileira
na leitura no país.
As
quedas mais significativas no percentual de leitores foram observadas entre
pessoas com ensino superior, passando de 82% em 2015 para 68% em 2019. Para a
coordenadora da pesquisa, Zoara Failla, “a surpresa está na queda em leitores
de classe A e B e de Ensino Superior, que historicamente sempre tiveram um
percentual bem maior. Também verificamos uma queda no percentual de leitores na
população de 11 a 17 anos – sendo que nas três últimas edições eles se
mantiveram em um patamar parecido”. O
brasileiro lê, em média, cinco livros por ano, sendo que 2,4 livros lidos
apenas em parte e, 2,5, completos.
De acordo com a pesquisa, a internet e as redes sociais foram as principais razões para a queda no percentual de leitores, sobretudo entre as classes mais ricas e com ensino superior.
“[Essas
pessoas] estão usando o seu tempo livre, não para a leitura de literatura, para
a leitura pelo prazer, mas estão usando o tempo livre nas redes sociais”,
afirma a coordenadora da pesquisa.
A
pesquisa mostra também que 82% dos leitores gostariam de ter lido mais. Quase a
metade (47%) diz que não o fez por falta de tempo. Entre os não leitores, 34%
alegaram falta de tempo e 28% disseram que não leram porque não gostam.
O
WhatsApp e outras plataformas ganharam espaço entre as atividades preferidas
pelos entrevistados, leitores e não leitores. Em 2015, 47% disseram usar a
internet no tempo livre, já em 2019, esse percentual aumentou para 66%. O uso
do WhatsApp passou de 43% para 62%.
A
pesquisa ainda mostra uma série de dificuldades de leitura. Entre os entrevistados,
4% disseram não saber ler; 19% disseram ler muito devagar; 13% não ter
concentração para ler; 9% não compreender a maior parte do que leem.
Ainda
há sérios entraves a serem superados para facilitar o acesso aos livros no
Brasil, entre eles destaco: aumento considerável do preço dos livros, acentuado
pela crise econômica brasileira; fechamento de livrarias e bibliotecas, principalmente
as públicas, que são utilizadas por uma grande parte da população carente, que
não possuem renda suficiente para compra de livros, que através desses
equipamentos conseguem ler de forma gratuita.
*Natanael
Lima Jr. é pedagogo, poeta, produtor cultural, editor do site
‘Domingo com Poesia’ – DCP e da ‘Imagética Edições’, Assessoria e Projeto
Editorial.

A crise da leitura e da aquisição do livro no pais é crônica e portanto muito antiga, ampliada e mantida pelos vários governos que passaram e este que aí está agravou ainda mais esta situação. Mas acho que os autores poderiam se dedicar um pouco mais ao trabalho de visitar as escolas, pois nestas ainda persiste a ideia que todos os escritores são mortos.
ResponderExcluirImportante divulgação, escritor amigo Natanael Lima Jr.. Compartilhamos na nossa página no FB e compartilharemos com os grupos dessa rede social. Deveria motivar um amplo debate nas escolas e universidades, públicadas e privadas... Vamos em frente !
ResponderExcluirTexto pontual que precisa ser amplamente divulgado! Admiro seu trabalho, Natanael!
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