EDMILSON SANCHES, O ENCONTRO DAS PEDRAS (POEMAS)
Postado por DCP
em 13/06/2021
[Curadoria de Natanael Lima Jr]
Edmilson Sanches é escritor e jornalista,
nasceu em Caxias (MA) I Foto: Reprodução
EDMILSON SANCHES é escritor, jornalista, editor, palestrante, consultor de Administração Pública e empresarial, autor de dezenas de livros nas áreas de Administração, Comunicação, Desenvolvimento, História e Literatura (contos, crônicas, ensaios, poesias). Inúmeros trabalhos publicados em antologias literárias e jornais regionais e nacionais, além de sites, blogs e páginas de redes sociais. Diversos prêmios literários. Graduação e pós-graduação em Letras, Administração Pública, Comunicação e Desenvolvimento Regional e Administração de Empresas. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, IHG de Caxias (MA), Sociedade de Cultura Latina do Brasil (MA), União Brasileira de Escritores (MA), Academia Brasileira Rotária de Letras (MA), titular das Academias de Letras de Caxias, Imperatriz, Santa Inês, Açailândia, Buriticupu, João Lisboa (MA) e sócio correspondente das Academias de Letras de Rondon do Pará (PA) e Praia Grande (SP). Membro dos Conselhos Regionais de Administração e de Contabilidade. CONTATOS - celular/WhatsApp: (99)9.8405-4248; e-mail: edmilsonsanches@uol.com.br; site: https://edmilson-sanches.webnode.com
SEIS POEMAS DE EDMILSON SANCHES
O
ENCONTRO DAS PEDRAS
E agora, José?
No meio do caminho
tinha uma pedra. Aliás,
uma pedrada,
que é uma pedra
movimentada.
Dizem que a coisa
foi orquestrada
teleguiada.
Mas, Zé, compreenda:
há muita insatisfação,
e o povo passa fome, arrocho,
precisão.
Você, não.
É preciso se-
parar o joio
do trigo.
Mas onde está o trigo, meu Deus?!
Ele já não é subsidiado
–– só o povo continua
subalimentado.
E o povo, já sem razão,
responde
com quatro pedras
na mão.
José, você que é,
que é católico, rezador,
talvez diga que nem só de pão
vive o “home”;
entanto, ouça:
acima da guerra,
há o grito da fome.
José, sabe como é:
o povo se contenta
com pouco.
Boca cheia
não grita.
Bucho vazio
deixa louco.
Sei, não precisa repetir:
atiraram a primeira pedra.
Mas, José, e por que a outra?
Lançada de catapulta,
com destaque em jornal,
apedrejaram o povo com a Lei
de Segurança Nacional.
Lei de Talião,
pagou-se com a mesma moeda.
Ou pedra.
(Mas, José,
duro
com duro
não faz
bom muro).
Não sei, José,
não sei como é.
Tudo serve
de exemplo.
E com pedra também
se constrói
um templo.
Vamos juntar todas essas pedras
e talvez, quem sabe, um dia
com ela terminaremos,
“não mais que de repente”,
o prédio transparente
da democracia.
E aí, povo forte,
Nação em pleno viço,
botaremos uma PEDRA
em cima disso.
BIVALVE
Em teu
casulo
me acasalo
me
encapsulo.
Nele,
dentro,
me
movimento
-- ele me
entende
e se
distende
completamente;
(me) move
-- comove
--
fortemente
(me)
envolve
profundamente
até que cio
e selva
sejam só
céu e relva
e saia o
arado
e fique a
leiva
e em mim
saciado
brote a
seiva
e eu homem
me transmuto em rio
e sobre
você mulher margens e leito
corro
percorro
escorro
liquefeito.
Em teu
casulo
me acasalo
me
encapsulo:
nele sou
mais
quanto mais
me anulo...
POEMA SEM DATA
Poeta,
não dates
teus versos.
Eles não
carecem de dia
de
nascimento
–– pois que
não têm hora
para
morrer.
Ainda
assim, o que pudesses datar
seria o
gesto gráfico
literal
frásico
expressional.
Esquecerias
por certo a gestação
incubação
hibernação.
Poeta,
teus versos
não precisam
- nem
dependem –
de
cronografia;
também
dispensam
genealogia:
o poema não
tem pai,
e se tem
mãe, é filho da puta,
filho de
uma égua,
é santo do
pé do pote,
nasceu no
oco da palmeira,
pode ter
vindo de carona
na bolsa
marsupial
ou no bico
da cegonha.
Poeta,
expele teu
poema
antes que
ele salte de ti
e sobreviva
à tua vida
(subvida,
sobrevida).
Entretanto,
nada de
dia
hora
mês
ano
local.
Os poemas
estão por aí, soltos,
misturados
à poesia.
Pegue-os.
Mas afasta
deles
o gesto
cartorário,
a mão
tabeliã.
POEMA A UM JOVEM POETA
Não se
iluda.
Toda a
história do mundo
se faz com
poucas letras.
Todo poema
é só um
verso
ou uma só
palavra
ou meia
ou palavra
e meia
(às vezes,
apenas uma letra
ou a
intenção dela).
Todo
romance,
um só capítulo
um fim
único
capitulado.
Nada é
múltiplo e vário.
Todo tanto
todo tudo
tudo quanto
é uma só
unidade
que se
desfaz
na mente
e na
mentira
dos homens
SPARRING
Peguei o
discípulo e, de supetão,
dei-lhe um
bogue na cara,
um murro
nos peitos,
um soco no
estômago,
um chute
nos ovos.
Dei-lhe
pena
e papel.
E
garanti-lhe um minuto
de silêncio
para que
escrevesse
sob/re sua
dor.
MOMENTO FEBRIL
O trovão
cala
a chuva
fala
e me entala
o coração.
O som é
forte
tom de
morte
mas com
sorte
e oração
não morro
não.

Simplesmente fantástico a escrita dessa Dama da poesia:
ResponderExcluirLourdes Nicácio
Parabéns,
Ivanilde
Simplesmente fantástico a escrita dessa Dama da poesia:
ResponderExcluirLourdes Nicácio
Parabéns,
Ivanilde