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REFLETINDO (MAIS) SOBRE POESIA

 Postado por DCP em 10|04|2022

 

Por Natanael Lima Jr*








Imagem: Reprodução | Google










Antes de tudo, poesia é uma atitude presente nas artes. Graças a ela somos convidados a experimentar o deslumbrante universo das emoções e sensações.

 

A poesia está presente nas mais diversas manifestações artísticas: na literatura, nas artes plásticas, na fotografia, no cinema, no teatro, na dança, na música, etc.

 

A poesia como forma de arte é anterior à escrita (como escrita sistematizada aparece somente por volta de 3.500 a.C., quando os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme na Mesopotâmia). Os primeiros registros de escrita foram feitos na argila em forma de cone, surgia neste período os hieroglifos no Egito.

 

Os primeiros poemas conhecidos pela civilização surgiram antes de Cristo, no Egito Antigo de forma oral, através dos “aedos” (poetas gregos da época primitiva que cantavam e recitavam com acompanhamento da lira). Os primeiros aedos que temos registros foram: Homero, Hesíodo, Safo, Sófocles, Ésquilo, EurípidesEsopo, entre outros.





Os primeiros aedos da Grécia Antiga | Imagem: Reprodução




 

 

 

A POESIA E O GÊNERO TEXTUAL POEMA

 

 

Comumente vinculamos à poesia ao poema, contudo, essa relação não é  exclusiva, tampouco indissociável. Como afirmamos acima, a poesia pode estar em todos as coisas, até mesmo nos mais despretensiosos olhares e atitudes. Segundo o professor e crítico literário Carlos Felipe Moisés, “a poesia ensina apenas um modo de ver. A coisa vista, ou por ver, ficará a cargo de quem lê. Digamos que a ensinança poética está mais interessada no processo da aprendizagem do que na ampla variedade de seus resultados” e afirma ainda: “o excêntrico modo de ver, ensinado pela poesia, incita-nos a encarar o objeto (ou coisa ou ideia) sobejamente visto, como se nunca o tivéssemos visto antes”.

 

Percebê-la ou não, é uma questão íntima e individual, pois o que toca de poético para mim pode não representar nada para o outro. A poesia existe quando é compreendida plenamente. Observem neste excerto do magnífico poema “Motivo”, de Cecília Meireles: “Eu canto porque o instante existe/ e a minha vida está completa./ Não sou alegre nem sou triste:/ sou poeta”.

 

Por fim, três contundentes depoimentos acerca da poesia por: Gullar, Leminski, Oswald e Vinícius:

 

Pretendo que a poesia tenha a virtude de, em meio ao sofrimento e ao desamparo, acender uma luz qualquer, uma luz que não nos é dada, que não desce dos céus, mas que nasce das mãos e do espírito dos homens. Pois a poesia é isso. É a verdade absoluta em cada um de nós”. (Ferreira Gullar)

 

Tem que existir poesia no receptor quanto no emissor. Você precisa ser tão poeta para entender um poema quanto para fazê-lo”. (Paulo Leminski)

 

Aprendi com meu filho de 10 anos que a poesia é o descobrimento das coisas que nunca vira antes”. (Oswald de Andrade)

 

O material do poeta é a vida, e só a vida, com tudo que ela tem de sórdido e sublime. Seu instrumento é a palavra”. (Vinícius de Moraes)






*Natanael Lima Jr. é poeta, produtor cultural, pedagogo, editor da Imagética Edições e do site Domingo com Poesia (DCP)










 



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4 comentários

  1. Texto muito bom meu sempre querido Timoneiro do DCP e Amigo mais! Beijos

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  2. Boas reflexões, Natanael Lima. Copio de Manuel Bandeira: do seu livro Itinerário de Pasárgada, que recomendo como uma lição fundamental de poesia e literatura:

    "Lembro-me de uns versos cujo autor até hoje ignoro. Ouviu-os meu pai de um sujeito que um dia, no alpendre de uma casinha do interior de Pernambuco, lhe veio pedir esmola. Meu pai, que gostava de brincar, disse-lhe: 'Pois não! Mas você antes tem de me dizer uns versos'. Ora, o nosso homem não se fez de rogado e saiu-se com esta décima lapidar, cujo primeiro verso, estropiado, mostra que a estrofe não era de sua autoria:
    'Tive uma choça, se ardeu-se.
    Tinha um só dente, caiu.
    Tive uma arara, morreu.
    Um papagaio, fugiu.
    Dois tostões tinha de meu:

    Tentou-me o diabo, joguei-os.
    E fiquei sem ter mais meios
    De sustentar os meus brios.
    Tinha uns chinelos… Vendi-os.
    Tinha uns amores… Deixei-os'.”

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