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EPIGRAMAS DE WELITON CARVALHO*

 Postado por DCP em 26/09/2021







Weliton Carvalho I Foto: Reprodução








*Weliton Carvalho nasceu em Bacabal-MA, em 05 de novembro de 1965. É escritor, poeta, advogado, Mestre e Doutor em Direito Público e atualmente é professor adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

 

Depois de uma breve passagem por Goiânia em 1983, chega ao Recife em 1985. Na capital pernambucana cursa ciências jurídicas na Universidade Católica de Pernambuco, onde também obtém o título de Especialista em Direito Público.

 

Estreia na literatura com o título Travessia sem fim (1999). Seguem-se ao título de estreia: Descobrimento do explícito (2000), Sustos do silêncio (2001), Tempo em conserva (2006), Geometria do lúdico – obra poética reunida (2008) e Ócios do ofício (2019). Também conta com dois títulos infanto-juvenis: Pés no chão cabeça nas nuvens (2011) e Cabeça nas nuvens pés no chão (2012). Publicou os livros jurídicos: Despedida arbitrária no texto constitucional de 1988 (1998) e Direitos fundamentais: constituição e tratados internacionais (2014).





EPIGRAMAS DE WELITON CARVALHO






VERSÃO INFANTIL

 

Todos os dias minha filha adormece ouvindo histórias.

Hoje, sentindo a princesa cansada do mesmo final, mudou a versão:

Aí o príncipe se foi embora e a princesa foi feliz para sempre.

 

 

KNOW HOW

 

Quando Deus concebeu a mulher já sabia como não devia proceder.           

 

                  

 

FOGO AMIGO

 

Os homens não reparariam na celulite não fossem tuas amigas.

 

                    

 

ETERNA INCOMPREENDIDA

 

(...) eu já disse mil vezes que te amo.

(...) queria ouvir isso do teu silêncio.

 

 

 

O HOMEM E A SUA CIRCUNSTÂNCIA

 

a Graça Vilhena

 

Joana torna a vida de Amarildo um inferno: implica, desrespeita e humilha. Só não se separa dele por não querer vender o carro adquirido na constância do casamento. Desempregado e para não perder o convívio diário com o filho de 3 anos, Amarildo não tem escolha a não ser aguentar esse tormento. Ultimamente Joana fica altas horas da noite mexendo no whatssap e no instagram com a luz do quarto acesa. Amarildo, que nunca ouviu falar de José Ortega y Gasset, finalmente deu um grito de independência e passou a dormir no sofá.

 

                                      

 

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

 

Que bom seria se entendêssemos que o silêncio também é liberdade de expressão. — Ah, que bom seria!

 

                                  

 

O MISTERIOSO BEM DAS DITADURAS

 

Todas as ditaduras são feitas em nome do Bem. Mas o Bem encarregado pelas ditaduras é bem esquisito: nunca está de bem com a vida e tudo que a oposição faz não é coisa do Bem.  E o mais curioso: quando as ditaduras acabam a gente se sente tão bem.

 

                           

 

GRITO DE LIBERDADE

 

Onde houver ditadura, eu serei um grito, ainda que torturado.

 

 

 

ETERNIDADE

 

Foi um período de breve (sic) ditadura.

 

                                     

 

DEMOCRATA

 

O ditador adora falar em democracia: a dele.

 

 

 

LITERATURA E ARBÍTRIO

 

Nas ditaduras não há gavetas.

 

                          

 

ESQUADROS DEMOCRÁTICOS À LA CARTE

 

O governante dizia que era democrático e que ia jogar dentro das quatro linhas: o que ninguém percebeu é que as linhas eram superpostas e riscadas por ele mesmo.



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