TransWinter

FLORA FIGUEIREDO: COMO NASCEM AS MANHÃS...

Postado por DCP em 11/04/2021







Flora Figueiredo I Foto: Reprodução






Flora Figueiredo é paulistana. É Poeta, cronista, tradutora, compositora, com proficiência em língua inglesa pela Universidade de Michigan.

 

Foi correspondente do Centro International d´Études Poétiques, na Bélgica, colaboradora das revistas “Cláudia” (Editora Abril) e “Ventura” (Editora Scala), vice-presidente da Associação das Jornalistas e Escritoras do Brasil e fez resenhas literárias para o jornal “O Estado de São Paulo”.

 

Flora foi finalista do Prêmio Jabuti, autora escolhida para o projeto Nestlé de Literatura e fez parte do projeto “O Escritor na Biblioteca” da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

 

Como compositora, tem parcerias com diversos músicos, como Ivan Lins, Natan Marques, maestro Aylton Escobar, com quem compôs o tema para corais “Flora, cinco canções de amor”, hors concours em concurso da FUNARTE e gravado pelo coral da OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo). Tem também trabalhos na área publicitária.

 

Publicou os livros “Florescência”, “Calçada de Verão”, “Amor a Céu Aberto”, “Estações”, “O Trem que Traz a Noite”, “Chão de Vento”, “Limão Rosa”, “Páginas Viradas de um Abril Qualquer” além dos infantis  “Marita Pirulita” e “DOM”, premiado pela UBE/RJ (União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro), além de fazer parte de várias antologias.

 

Participa de bienais, feiras literárias, saraus, palestras e projetos culturais. Alguns de seus livros foram adotados pelas Redes Públicas de Ensino. É membro da UBE e afiliada à ABRAMUS (Associação Brasileira de Música).




SEIS POEMAS DE FLORA FIGUEIREDO





Como nascem as manhãs

 

O fundo dos olhos da noite

guarda silêncios.

Esconde na retina

a menina que corre descalça em campo aberto.

Pálpebras cerradas, a noite emudece.

A menina com medo

faz um furo no escuro com a ponta do dedo.

Cai um pingo de luz.

Amanhece.

 

 

Clonagem

 

Aquietei minha tristeza nos seus olhos,

amansei minha pressa no seu tempo,

apoiei meu sonho em seu pensamento.

 

Minha fantasia pendurada no seu peito,

minha vontade apoiada em seu direito,

pintei meu perfil em sua identidade.

 

Desliguei o minuto

que é para saber se porventura escuto

as fibras do meu coração em desalinho;

depositei em suas mãos meu abandono.

Seu clone, seu sangue, seu carbono,

desenrolei debaixo dos seus passos meu caminho.

 

 

Bom-senso

 

Hoje não vou,

que é dia ruim de decisão:

o ninho apareceu cheio de ovos,

o vaso me presenteou com botões novos,

a lua fez alongamentos verdes sobre o mar.

Dia de emoção não é dia de ir.

Quem sabe amanhã amanhece chovendo

e eu fico matemática.

 

*Poemas extraídos do livro “Chão de Vento”.

 

 

Trilha

 

Vou como quem anda

pelo caminho para um homem só.

Chão batido de nostalgia e contravento.

A galharia de espinhos, mas a flor de laranjeira;

uma nuvem que se adensa, mas a chuva criadeira;

o arame farpado divisório, mas o córrego cantante;

o rastro da serpente, mas o voo migratório;

as cinzas do vulcão, mas a rosa carmesim.

Uma placa sinaliza a direção.

Quantos homens sós passaram por aqui antes de mim?

 

 

Rosa Amarela

 

Bem-vindo este momento

em que conheço meus perigos.

Inimigos? Nem os percebo.

 

Bem-vindo o tempo de sol maduro

que desenha vincos na passagem

mas que é quentura e coragem,

reverberação.

 

Que se alinhem forças e planos,

que se revelem os arcanos,

pois que lá vou eu.

 

À frente, há uma rosa amarela que me aquece.

É no futuro que habita o sonho.

É no sonho que o futuro se merece.

 

 

Cena de rua

 

Lá estão as flores rubras

a anunciar a primavera chegante.

Poeta e caminhante,

em reverência, eu as saúdo.

Pétala, plena, florescência,

voltamos a cada ano.

Apesar de tudo.

 

*Poemas extraídos do livro “Páginas Viradas de um Abril Qualquer”.



FLORA FIGUEIREDO: COMO NASCEM AS MANHÃS... FLORA FIGUEIREDO: COMO NASCEM AS MANHÃS... Reviewed by Natanael Lima Jr on 00:19 Rating: 5

4 comentários

  1. Os poemas de Flora Figueiredo são repletos de ternura e compõem um jardim de imagens para o leitor.Lindos! Adoro!

    ResponderExcluir
  2. Os poemas de Flora Figueiredo são repletos de ternura e compõem um jardim de imagens para o leitor.Lindos! Adoro!

    ResponderExcluir
  3. Florinha sempre acima das medidas, com sua inspiração e genialidade incomparáveis. Esta seleção é um presentão que traz ânimo para a vida da gente.

    ResponderExcluir

Recent in Recipes

3/Food/post-list