CAROLINA DE JESUS - “Faz escuro mas eu canto”: Vida e obra
Por Natanael
Lima Jr.*
Postado por DCP em 14/03/2021
Carolina de Jesus permaneceu anônima até 1960,
quando o seu livro, “Quarto de Despejo” foi
lançado.
(Foto: Reprodução)
A escritora Carolina
Maria de Jesus ou simplesmente Carolina
de Jesus como era conhecida, se estivesse entre nós estaria completando 107
anos neste domingo, 14 de março de 2021.
Ela foi uma das primeiras escritoras negras do
Brasil e é considerada uma das mais relevantes da nossa literatura.
Nasceu
em Sacramento, Minas Gerais, em 14 de março de 1914, filha de pais negros,
pobres e analfabetos. Sofreu maus tratos durante toda a sua infância, mas nunca
desistiu dos seus sonhos e aos sete anos começou a frequentar a escola e em
pouco tempo, aprendeu a ler e escrever e desenvolveu o gosto pela leitura.
Viveu boa parte de sua vida na favela do Canindé, na Zona Norte de São Paulo,
sustentando os seus três filhos como catadora de papéis.
Ao mesmo tempo em que lutava bravamente para sobreviver e alimentar os seus filhos, também se dedicava a registrar cotidianamente as agruras da sua comunidade onde morava nos papéis que recolhia. Um destes raros registros deu origem a seu livro mais divulgado e conhecido, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicado em 1960. Publicou também, Casa de Alvenaria: Diário de uma ex-Favelada (1961); Pedaços de Fome (1963) e Provérbios (1963).
Carolina foi também compositora e poetisa. Sua obra permanece objeto de diversos estudos, tanto no Brasil quanto no exterior.
A escritora Carolina de Jesus autografando
o seu livro “Quarto de Despejo”, em 1960
(Foto:
Reprodução)
Carolina de Jesus faleceu aos 62 anos,
em Parelheiros, Zona Sul de São Paulo, no dia 13 de fevereiro de 1977. Outros
seis livros foram publicados após a sua morte, através dos seus registros e
diários.
Em 2017 sua biografia foi publicada
pelo jornalista, crítico literário e pesquisador Tom Farias, “Carolina - Uma Biografia”, Editora
Malê.
*Natanael
Lima Jr.
é capricorniano, poeta, produtor cultural, editor do DCP e da Imagética Edições
REFLEXÕES E
POEMAS DE CAROLINA DE JESUS
“Antigamente o
que oprimia o homem era a palavra calvário; hoje é salário”.
“O maior
espetáculo do pobre da atualidade é comer”.
“Não digam que
fui rebotalho,
que vivi à
margem da vida.
Digam que eu
procurava trabalho,
mas fui sempre
preterida.
Digam ao povo
brasileiro
que meu sonho
era ser escritora,
mas eu não
tinha dinheiro
para pagar uma
editora”.
“Eu que antes
de comer via o céu, as árvores, as aves, tudo amarelo, depois que comi, tudo se
normalizou aos meus olhos”.
“As crianças
ricas brincam nos jardins com seus brinquedos prediletos. E as crianças pobres
acompanham as mães a pedirem esmolas pelas ruas. Que desigualdades trágicas e
que brincadeira do destino”.
“Quando
percebi que eu sou poetisa fiquei triste porque o excesso de imaginação era
demasiado”.
Poeta, por que
choras?
Que triste
melancolia.
É que
minh’alma ignora
O esplendor da
alegria.
Este sorriso
que em mim emana,
A minha
própria alma engana”.
“Lá no
interior eu era mais feliz, tinha paz mental. Gozava a vida e não tinha nenhuma
enfermidade. E aqui em São Paulo, eu sou poetisa!”
“Quem não tem
amigo mas tem um livro tem uma estrada”.
“Adeus! Adeus,
eu vou morrer!
E deixo esses
versos ao meu país
Se é que temos
o direito de renascer
Quero um
lugar, onde o preto é feliz”.
Republicado no meu Blog
ResponderExcluirObg pela divulgação. envie o link no Facebook. abs poeta-amigo!
ExcluirExcelente trabalho, Natanael, a singular escritora merece, e faz tempo, que sua Obra seja divulgada, discutida, lida plenamente!!!
ResponderExcluirMuito contente pelo seu reconhecimento, nobre amigo-poeta
ExcluirA Carolina de Jesus esteve sempre à frente de seu tempo! Aplausos para a POeta!!!!!
ResponderExcluirObg por tua visita e comentário. Divulgue a matéria com seus contatos!
ExcluirQue comovente! Grande Carolina de Jesus!
ResponderExcluirObg Maria Oliveira pelo comentário e visita ao site. Volte sempre!
Excluir" CAROLINA, POSSO SER UMA GRANDE ESCRITORA, MAS VOCÊ É A ÚNICA que conta a realidade "
ResponderExcluir( Clarice LISPECTOR )