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Texto e Textualidade II: O Texto Dissertativo

por Natanael Lima Jr*











 
(Img: Reprodução)


A dissertação continua sendo o tipo de texto mais solicitado em vestibulares e concursos, pois exige o raciocínio do aluno ao analisar um determinado tema com a finalidade de defender o seu ponto de vista e de avaliar, de maneira eficaz, seu conhecimento e o domínio da língua.

O texto dissertativo, numa definição simplificada pode ser caracterizado como aquele texto que além de informar, expõe um ponto de vista sobre uma determinada questão e que procura comprová-lo por meio de argumentos convincentes.

Dissertar é um exercício praticado pelas pessoas diariamente. Elas expressam opiniões e justificativas em relação ao desemprego, a violência, a educação, a saúde pública, o meio ambiente, a cultura, o lazer, dentre outras questões. A realidade em que vivemos traz constantemente a necessidade de exposição das nossas ideias, opiniões e argumentos. Em algumas situações é preciso persuadir o interlocutor. Em todas essas situações apresentadas e em muitas outras, utilizamos a linguagem verbal e escrita para dissertar.

A dissertação é, portanto, um instrumento importantíssimo que dispomos para compreender  e argumentar os desafios que nos cerca e para que possamos expressar de maneira clara e convincente nossas opiniões e ideias.

A dissertação é o tipo de texto que analisa, interpreta, explica e avalia os fatos da nossa realidade. A base de uma dissertação é a fundamentação de um ponto de vista sobre um determinado assunto.

O exercício dissertativo desenvolve a prática do pensar, do questionar, do argumentar, de procurar entender e transformar a sociedade em que vivemos. Os teóricos Andrade e Henriques relatam que “o exercício dissertativo implica, mais do que qualquer outro, o exercício da razão, do raciocínio – operação mental que parte do conhecido para o desconhecido – da interferência dos dados da lógica.”

A postura mais adequada para se desenvolver um determinado texto dissertativo é escrever de maneira impessoal, objetiva e sem prolixidade, como se o autor fosse o próprio bom senso, a lógica e a razão.

A produção de textos requer o domínio da modalidade escrita da língua, desde a questão ortográfica ao uso adequado de uma palavra e de construções sintáticas organizadas, além de conhecimento do assunto de que se vai tratar e a posição crítica do autor.
 
*Natanael Lima Jr é poeta, pedagogo e editor do blog Domingo com Poesia








Poemas de Frederico Spencer, Márcia Maracajá, José Terra, Lenemar Santos e Gustavo Cavalcanti Teles




Poema caco*
Frederico Spencer

(Img: Reprodução)


Escrevo coisas
que podem ser lendas
que podem ser lindas
que podem ser lidas.
Escrevo coisas que não!
A boca que devoro é quase a minha,
senão a vossa.
Propositadamente,
a palavra que dev(oro) com farinha
não vai ao estômago.
Prescrevo:
com os dedos na garganta,
escavo outras sílabas
c-orr-osiv-a-s
do silêncio.

*In Quadrantes Urbanos





Marcas de mulher
Márcia Maracajá

(Img: Reprodução)


Eu sou marcada, EU SEI
Fui marcada pela orfandade paterna
Na infância e, desde então,
Pela emancipação,
Defendendo-me da coibição
Masculina
Social

Sou marcada pela autonomia
Desenvolvida para sobreviver
Marcada pelas cicatrizes
Pelas palavras que escrevo
E que tatuei em meu corpo

Marcada pelo amor livre que dei
E pelo desapego que vivi
Sou marcada
Pela gargalhada contundente
Pelo sorriso largo
Pela tristeza das dores que sofri
Pela voz, quase sempre grito

Marcada pelo filho que assumi
Inteira
E pelo filho que não tive

Sou marcada e sei o peso de ser assim
Diferente
Estranha
Urgente
Adversa
Em face a todas as vidas que não quis.




Angelita*
José Terra

(Img: Reprodução)


Tatuar o corpo de Angelita
Nas escrituras da vida
É o que melhor faz o poeta José Terra.
Apresentar seu rosto ao sol e a chuva
É amar incondicionalmente a criança e o idoso.
Maravilhosas as suas mãos
É unir todo homem e toda mulher.
Pousá-la no peito
É fazer a música maior dos anjos.
Creio que dormir entre seus seios
Tem a magnitude do vinho de Deus.
Não há diferença entre estar nas suas coxas
E comer o pão e o peixe do dia.
Sou transcendental: admiro e gosto de suas nádegas.
Inscrever o amor-paixão nas suas costas
É saber a essência das coisas eternas.


*do livro inédito A flor da carne





Veja-me governador
Lenemar Santos*

(Img: Reprodução)


Um dia toco fogo nesta casa, quebro a escola,
rasgo os livros, fotos e contratos.
Esqueço as dívidas, parentes, os amigos e
principalmente você. Não tente me seguir
ou me conter, vou tirar as roupas, caminhar
nua, só de chapéu e chinelos.
Mergulhar no Capibaribe e nadar, e nadar.
Eu nua e molhada ser aplaudida pelas pessoas
nas pontes, multidões às margens do rio.
Até ser vista da janela do palácio do governador
e depois ser presa, pela falta de pudor.


*Lenemar Santos é uma poeta pernambucana que divulga seus poemas através de encartes vendidos nos semáforos das cidades do Recife e Jaboatão dos Guararapes.



Piloto automático*
Gustavo Cavalcanti Teles

(Img: Reprodução)


A rotina nos impõe uma forma nula de viver
somos praticamente carregados por nós mesmos
ligamos o piloto automático
e quando nos damos conta
já terminamos o suposto feito
já falei amém, e mal comecei a rezar
já cheguei  a meu destino e mal comecei a andar
qualquer surpresa no trajeto é evitada
esperando apenas o esperado.
Caso contrário uma turbulência desliga
o piloto automático.

*In Cotidianos


Texto e Textualidade II: O Texto Dissertativo Texto e Textualidade II: O Texto Dissertativo Reviewed by Natanael Lima Jr on 08:38 Rating: 5

2 comentários

  1. O princípio de uma boa dissertação certamente é o hábito de uma boa leitura, leitura constante, isso nos dá uma boa bagagem de conhecimento de mundo e abre possibilidades de argumentação sobre os mais diversos assuntos além de nos colocar em contato direto com nossa própria língua que convenhamos não é nada fácil quanto à gramática.
    Desejo as todos os editores uma semana cheia de inspirações, lindos dias, lindos sorrisos e muita felicidade.
    Beijos a todos,
    Joelma

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  2. Joelma,
    você está certíssima, a leitura é a base de uma educação permanente.

    Um grande abraço.

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